Preço alto e condições de crédito seguram as vendas de veículos leves no Brasil
Está difícil de projetar o que vai acontecer até o final do ano com as vendas de veículos leves no Brasil. Um dos pontos relevantes foi a rápida subida de preços, reflexo da combinação de fatores como inflação e consequente salto dos juros de financiamento para até perto de 30% ao ano, custos de componentes, escassez de chips, problemas logísticos e também novas exigências sobre emissões, consumo de combustível e itens de segurança passiva e ativa.
50 salários mínimos
Segundo a consultoria Jato Dynamics, nos últimos cinco anos o preço médio saltou 85% e hoje se situa em R$ 135.000. A média ponderada deve ficar abaixo disso já que os modelos mais baratos ainda têm peso relevante. Se o critério for o de número de salários-mínimos (SM) para adquirir um carro, o aperto aumentou de 28 SM para 50 SM no mesmo intervalo.
Problema mundial
Este fenômeno, no entanto, é mundial. Estudo do DAT (sigla para Curador dos Carros Alemães), citado pelo site AUTOentusiastas, aponta que os preços subiram lá quase 60% em 10 anos em um país de economia muito forte e baixíssima taxa de inflação.
Custos elevadíssimos para ter um carro
Outra pesquisa de maior abrangência (18 países e 17.000 entrevistados) do banco BNP Parisbas, denominada Barômetro Automobilístico 2023, registrou a queixa generalizada de 70% dos compradores: sacrifícios financeiros elevados para comprar, abastecer e manter um veículo. A tendência é de uma elitização de quem pode adquirir ou financiar um automóvel.
Brasil
Voltando ao Brasil, a educadora financeira Aline Soaper destaca: “O consumidor deve analisar suas finanças pessoais e colocar na ponta do lápis se pode ou não comprar um carro novo ou usado, ou se o aluguel é uma melhor opção.”
Assinatura também é bastante cara
Devo apontar, porém, que apesar da badalação, a assinatura mensal, forma de aluguel mais abrangente por incluir todas as despesas com impostos e manutenção, é uma operação bastante cara.
Exige que se tenha certeza de renda alta e duradoura para ao final do contrato firmar outro. Em geral atende quem precisa investir em um negócio próprio e costuma comprar um carro à vista. Assim, desmobiliza o capital para obter um ganho que pague a assinatura e ainda deixe um bom dinheiro no bolso.
Incertezas políticas e jurídicas são outras variáveis que vêm afetando o mercado automobilístico. Quanto a isso nada a fazer, além de esperar e observar os acontecimentos.
Novo Sentra avança, mas o Corolla vai continuar firme
Os sedãs médios já tiveram dias de glória. Corolla, dono do pedaço, conquistou 75% de participação contra apenas 15% do Cruze e presença tímida de Civic, Jetta e Arrizo 6. O segmento encolheu em razão do avanço dos SUVs. Estes vendem três vezes mais que os racionais sedãs.
Preços
Neste cenário é muito bom o relançamento do Sentra em sua oitava geração. Vindo do México e isento de imposto de importação conta com estilo moderno bem superior aos modelos anteriores, em especial desenho do teto e lanternas traseiras por R$ 148.490 e R$ 171.590.
Medidas
Suas dimensões mudaram quase nada: 2,707 m de entre-eixos e 4,646 m de comprimento. A largura (1,816 m) é 3,6 cm maior que o Corolla e apenas 0,9 m a mais que o Cruze. Porta-malas de 466 litros tem praticamente o mesmo volume do Corolla. Oferece na versão mais cara teto solar elétrico ausente no modelo da Toyota. Uma diferença a favor do Nissan é o conforto dos bancos dianteiros com a tecnologia Zero Gravity agora estendida também para o banco traseiro.
Tecnologia
Houve evolução no acabamento interno. Ganhou 11 porta-objetos e um console central de 7,7 litros. O quadro de instrumentos tem velocímetro e conta-giros analógicos, enquanto a central multimídia de 8″ oferece boa resolução. Pormenor destoante é o freio de estacionamento com pedal, uma solução datada. Carregamento por indução do celular só instalado na concessionária e preço à parte. O novo Sentra vem com seis airbags e um robusto sistema de assistência eletrônica ao motorista.
Motor 2.0 16V
Mecanicamente o carro evoluiu com uma suspensão traseira multibraço. O motor do ciclo Atkinson 2.0 16V, somente a gasolina, entrega 151 cv, 20 kgfm. Câmbio CVT tem oito marchas. Aí o Corolla ganha de novo com um motor flex de 169/177 cv (G/E e 21,4 kgfm para os dois combustíveis, além da transmissão CVT simular 10 marchas.
Consumo e desempenho
Tanque de combustível do Corolla é de 50 litros (três a mais) e também ganha no consumo de gasolina: 11,9 km/l (cidade); 14,2 km/l (estrada). Em desempenho o Sentra até perde por pouco no 0 a 100 km/h: 9,4 s, apenas 0,2 s a mais que o rival, embora a massa de ambos seja coincidentemente igual (1.405 kg).
Mercado
Apesar da nítida e convincente evolução holística do sedã da Nissan, mais provável que conquiste alguns pontos de participação de mercado sobre o Cruze, mas incomodar o Corolla não será possível.
ALTA RODA
C3 vira a chave
Virada de chave total marca o novo C3, um hatch mais parecido com um SUV do que outros que como tal se autointitulam, porém a Citroën optou pelo termo “atitude SUV”. Pura estratégia da Stellantis para diferenciá-lo dos Fiat. Avaliei as versões de 1.0 manual e 1.6 automática. A primeira utiliza o motor Fiat tricilindro de 71/75 cv (G/E que entrega desempenho razoável graças a uma massa de apenas 1.037 kg. A largura da carroceria (1,733 m) é ponto positivo e a posição ao volante também, além do porta-malas de 315 l.
Painel bizarro
Só não agrada o quadro de instrumentos de pobreza franciscana. Versão com motor mais forte lança mão da antiga, mas confiável unidade de origem PSA: 113/120 cv (G/E). Bem agradável de dirigir em conjunto com o câmbio seis marchas e um surpreendente vão livre de 18 cm. Espaço interno superior aos concorrentes, mas conta com apenas dois airbags. Preços: R$ 72.990 e R$ 97.790.
Mercedes-Benz GLC Coupé “transparente”
Novo Mercedes-Benz GLC Coupé apresentado na Europa inclui um pseudo-híbrido (alternoarranque de 48V) e um híbrido plugável como opções. Uma novidade é o interessante sistema para indicar o alcance elétrico levando em consideração fatores externos como temperatura ambiente, uso de aquecimento da cabine no inverno e refrigeração no verão, além do modo como o motorista dirige. Isso permite saber em que condições o alcance varia e se afasta dos números homologados em laboratório. Esse dispositivo ainda não está instalado nos modelos 100% elétricos, mas deverá ser. Finalmente a transparência de informações chegou.
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