Já pensaram em termos novamente uma montadora de carros 100% brasileira? Aparentemente este é o desejo do polêmico empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, mais lembrado pelo seu grupo, o Caoa. A ideia não é nova, mas começa a ganhar um pouco mais de corpo – mas ainda muito pouco.
Reprodução de Gurgel Guerreiro |
Eu li a notícia sobre o assunto na revista CartaCapital (edição 728) e fiquei pensando em como seria interessante se tivéssemos uma fabricante de carros genuinamente nacional. Isso não acontece desde 1996, quando a Gurgel faliu. Tudo bem que Volkswagen, Fiat, Chevrolet, Ford e várias outras estão no Brasil há muito tempo, mas elas não nasceram aqui.
Mas entendo que a situação seja bastante desfavorável para esta ideia dar certo. Emboa possível, acho que o projeto do Sr. Caoa tem mínimas chances de avançar.
Primeiro seria necessário um altíssimo investimento financeiro para o projeto nascer. Depois precisaríamos de incentivos do Governo Federal – afinal, é uma empresa nacional. Mas ela seria estatal? Essa é uma outra questão importante.
Indo mais além, se tivermos um fabricante local, inicialmente, ele não deveria ter condições de uma produção em larga escala, como acontece com as três principais marcas nacionais. Isso limitaria bastante as vendas da empresa nacional.
É uma questão realmente muito mais ampla.
Acho que nada vai acontecer e que teremos apenas mais players internacionais com fábrica no Brasil nos próximos anos.
Veja um trecho da reportagem da CartaCapital
Recentemente, bateu às portas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) o empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, do Grupo Caoa, dono da maior rede de concessionárias da marca sul-coreana Hyundai no País. Sua proposta: obter o apoio do banco para fundar uma indústria automobilística de capital brasileiro.
A decisão da matriz da Hyundai de construir uma fábrica em Piracicaba (SP), inaugurada em setembro, mudou os planos da Caoa, importadora e, até a inauguração da planta, a única representante da montadora no Brasil.
Dias contados
Com capital próprio e tecnologia da Hyundai, Andrade monta a SUV Tucson e um caminhão de pequeno porte na “fábrica” de Anápolis, onde aproveitou os incentivos fiscais dados pelo governo goiano para importar peças e equipamentos. Com a aprovação da MP da guerra dos portos, em abril, contudo, a vantagem tributária tem os dias contados: deixará de vigorar a partir de 1º de janeiro do próximo ano.
Daí a urgência do grupo brasileiro de costurar uma saída que lhe permita manter um pé na produção e embarcar no novo regime automotivo, o Inovar-Auto, que também passa a valer em janeiro, mas cujos estímulos estão atrelados a metas de nacionalização da produção, investimento em Pesquisa & Desenvolvimento e eficiência energética. Programa que certamente terá a adesão da Hyundai, no caso dos investimentos diretos da marca no interior paulista, mas não no caso da unidade goiana, um negócio à parte e de responsabilidade exclusiva da Caoa.
Gurgel
Apesar de afinado com os propósitos do governo federal, o projeto dificilmente sairá do papel. A consulta indica, porém, o quanto mudou o cenário do setor, a ponto de uma marca brasileira ser cogitada, algo impensável até pouco tempo atrás.
Inaugurada em 1969, a Gurgel faliu em 1996, no rescaldo da abertura do setor na era Collor, e a partir de então os brasileiros deixaram de estar representados sequer marginalmente, como acontecia no caso dos jipes fabricados em Rio Claro (SP).
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Poxa, seria interessante!
A Gurgel conseguiu, mesmo com tantos percalços, com muito brio, ser uma fabricante de carros bem projetados (com ideias excelentes como o Seletraction) e proposta bastante objetiva.
Mas agora são outros tempos.
Não há mais espaço para carros fabricados a partir de partes de outros conhecidos. Os veículos tem de ser pensados em agradar uma vasta quantidade de compradores, ser genérico, em outras palavras. Ter desenho inovador, bom acabamento, ser seguro, ter bom desempenho, economia e a um preço razoável.
A Troller ainda assim faz seus jipes com peças compartilhadas de Gol bolinha, Fiat Uno, etc, mas são carros com preço alto e num segmento de nicho específico.
Tarefa difícil.
É meio complicada essa idéia…
Claro que é uma ideia que pode ser cumprida. Basta a boa vontade de um unico bilionario brasileiro. Se um tiver realmente boa vontade, ele conseguirá atrair outros bilionarios brasileiros, e com esse capital, pois eh dinheiro quem manda no final, terão armas suficientes para abrir uma montadora, e conseguir brigar como governo e os gringos. Basta dar o ponta pé inicial!!!!
Às vezes fico a pensar: como um país que produz aviões de muito bom nível não seria capaz de produzir também um automóvel? O eng° Amaral Gurgel disse, certa vez, que “o brasileiro não quer carro bonito, ele quer é carro barato”. Mas errou nesta avaliação. O brasileiro, como todo mundo, quer carro bonito e barato. Aqui no Brasil, os veículos são taxados em cerca de 60 por cento, isto quer dizer que se o automóvel custa para o consumidor final 100 mil reais, uns 60 mil são de impostos. O nosso país tem um parque siderúrgico respeitável, e muita engenharia capacitada – e represada. Para ter um carro nacional é preciso muito dinheiro, mas nada que o país não tenha em disponibilidade. O lucro da empreitada somente seria sentido em cerca de 15 anos ou mais, porém tenho a certeza de que alguns milionários estariam dispostos a aceitar o desafio.
a) Romir Ribeiro, Rio de Janeiro.
Por que a CAOA não compara a marca Lancia e direitos sobre seu portfólio de modelos para criar a montadora nacional com design inspirado nos antigos Lancia incluindo seus nomes e utilizando as mecânica e plataformas da Hyundai ou Subaru.
Meu sonho é criar minha propria montadora de carros com minha propria marca, como faço?