Conheço o Fit de trás para frente. Foram cinco unidades, de três gerações diferentes, que passaram pela minha família durante os anos. Confesso que, mesmo sabendo das novidades, ao retirar o WR-V para o teste, por este histórico e por ele ser muito parecido com o Fit, não fiquei com tanta empolgação. Mas, com os passar dos dias, esse meu sentimento mudou para “como o novo Honda WR-V é um carro muito legal“!
Boas lembranças
No primeiro contato com o veículo, fui lembrado de algo que gostei quando dirigi a “geração” antiga do modelo, logo no lançamento: a sua boa direção. No peso ideal, ela tem leveza para manobras e bom peso para deslocamentos na estrada. Embora seu diâmetro de giro pudesse ser melhor, gostei também da sua precisão (um pouco mais direta).
Agora, o ponto “mecânico” que mais fui lembrado durante o teste, e que gostei bastante, foi a sua suspensão. Junto com os pneus, ela garante ao carro 20,7 cm de altura em relação ao solo – mais do que o Volkswagen Nivus (17,6 cm), o Nissan Kicks e o finado Ford EcoSport – ambos com 20 cm.
A suspensão absorve bem as péssimas superfícies das nossas ruas e mandou muito bem na trilha que peguei. Na estrada, ela não comprometeu, embora, por um gosto pessoal, eu prefira veículos mais baixos nesse tipo de “circuito”.
Desempenho
Como acontece desde o início da sua história, o novo Honda WR-V tem um conjunto mecânico velho conhecido pelos consumidores: motor 1.5 16V FlexOne, que desenvolve 115 cv de potência e 15,2 mkgf de torque com gasolina e 116 cv e 15,3 mkgf com etanol, associado apenas ao câmbio automático do tipo CVT, que pode simular sete marchas virtualmente.
Antigo e superado, mas de mecânica fácil e extremamente confiável, o propulsor surpreendeu pela média de consumo, mas deixou a desejar no desempenho na estrada.
Na cidade
O ambiente urbano é o ideal para o propulsor 1.5. Ele entrega a força adequada para todas as situações da cidade, sem passar aperto em subidas íngremes, algo comum em Belo Horizonte (MG).
Nesse sentido, o assistente te partida em rampa (Hill Holder), que não era um equipamento disponível até a linha 2020, fez muita diferença e ajudou em todas as situações necessárias.
Já o câmbio funciona na sua plenitude, entregando força de maneira mais linear do que, por exemplo, o meu Nissan March SL (que demora “funcionar” mas que, quando funciona, vira um torpedo).
Na estrada
Por outro lado, mesmo 16V, falta fôlego à motorização 1.5 na estrada. É nesse tipo de situação que vemos como mais modernidade e eficiência fazem falta, pois, mesmo com giros altos, falta desempenho e sobra nível de ruído. Nem o paddle shift e o modo Sport ajudam.
Consumo
Por outro lado, a média de consumo foi surpreendente: boa na cidade e excelente na estrada.
Ao todo, foram quatro medições, sempre com etanol no tanque, sendo duas na cidade e duas na (mesma) estrada:
- Cidade 1: 8,1 km/l
- Cidade 2: 9,0 km/l
- Estrada 1: 13,0 km/l
- Estrada 2: 14,9 km/l
Na terra
Na terra, assim como na cidade, o motor 1.5 mostrou também que funciona bem, pois rodei em baixas velocidades e, como é normal, com sucessivos arranques.
Obviamente, peguei uma trilha leve, sem a necessidade de tração nas 4 rodas, indo de Belo Horizonte até o Mirante da Serra da Gandarela. Os 20,7 cm de altura em relação ao solo fizeram o Honda “beijar” o chão apenas uma vez, numa vala incrivelmente sacana e traiçoeira.
No mais, o comportamento do modelo agradou muito nesse tipo de terreno. Mas, para algo mais radical, no momento, nenhum modelo da Honda daria conta por falta de 4×4.
Espaço interno, ergonomia e conforto
Mesmo com o meu 1,97m de altura, consegui encontrar uma boa posição de dirigir no WR-V. Como ele é basicamente um Fit, usufrui dos benefícios do irmão, mas sofre com os mesmos problemas.
A ergonomia dos dois é muito boa, com comandos à mão e ajustes de altura do banco e de altura e profundidade do volante – algo muito bem vindo para motoristas mais baixos e mais altos.
Mas o painel é grande e rouba espaço dianteiro da cabine, diferente das gerações passadas do Fit.
Mas, em relação ao irmão, o WR-V tem um pouco mais de espaço para as pernas no banco traseiro graças à sua distância entre-eixos (entre as rodas dianteira e traseira) 2,5 cm mais longa. Os mais altos agradecem.
Bancos e acabamento
Não espere encontrar um acabamento de luxo no WR-V 2021, mesmo na sua versão topo de linha, EXL. Em todas as versões, você tem um acabamento honesto, dentro da proposta do veículo.
No WR-V EXL, o diferencial está no bom revestimento em “couro” sintético nos bancos e no volante. Falando dos bancos, os dianteiros apoiam bem o corpo, mas deixam a desejar em relação aos bancos dos irmãos da Honda, especialmente o Civic – algo natural, considerando o preços dos veículos.
Design
Uma das novidades da linha 2021 do Honda WR-V foi o deu design. Em linhas gerais, o modelo evoluiu visualmente em relação à sua linha anterior, o que é muito bem-vindo.
Dianteira
Na dianteira, que sempre foi a sua parte mais bonita, o ele recebeu nova grade frontal, com desenho horizontal e área cromada mais estreita, valorizando o logotipo da Honda ao centro.
Todas as versões trazem luzes diurnas de rodagem em LED, enquanto os faróis tem design renovado e receberam uma ótima iluminação de LED nas versões EX e EXL, com direito a ajuste de altura.
Os faróis de neblina, em todas as versões, ganham uma nova moldura, com lâmpadas em LED na EX e EXL.
Traseira
Na traseira, que sempre foi o ponto mais polêmico, o WR-V tem novas lanternas com iluminação em LED nas versões EX e EXL, que mantêm o visual controverso de antes (mantido na LX). O friso superior da placa, antes cromado, agora segue a cor da carroceria, reduzindo o excesso de elementos da traseira. Menos cromados melhoram qualquer carro.
O modelo tem ainda um novo para-choque, 6,7 cm mais comprido, para proteger melhor a tampa do porta-malas (como no Fit), e rodas de 16” com um novo acabamento escurecido nas versões EX e EXL, bem como uma nova cor para a carroceria, o Azul Cósmico metálico do WR-V testado.
Resumindo: Com sua dianteira “HR-Vzada”, o novo WR-V melhorou, mas não tanto quanto a sua traseira, que continua estranha para muita gente. Mais foi nítida a tentativa da Honda de melhorá-la – e isso é preciso reconhecer.
Magic Seat
Exclusividade na linha Honda, presente no Fit, HRV e no WR-V, esse sistema de bancos dá extrema versatilidade aos modelos, permitindo que os proprietários levem:
- Utility: objetos maiores (banco traseiro rebate por completo e fica plano, elevando o volume de 363 litros para 1045 litros);
- Long: objetos longos, como uma prancha de surf (banco traseiro rebate por completo assim como o banco dianteiro) – foto acima;
- Tall: objetos altos, como um vaso (assento do banco traseiro pode ser erguido, aumento a altura do solo ao teto);
- Refresh: mais espaço para os ocupantes, tornando o modelo quase um sofá, pois os encostos dos bancos dianteiros (sem os apoios de cabeça) podem ser reclinados por completo, ficando no mesmo nível do traseiro.
Preços
Como a maioria dos carros vendidos no Brasil, o novo WR-V poderia custar menos. E preço sempre foi um problema para o modelo, pois ele “precisa” custar mais do que o Fit e menos do que o HR-V – essa é a sua “fatia de mercado”.
Como o Fit não é barato, isso impacta no desempenho de venda do WR-V, que sempre pôde vender muito mais do que vende. Seu preço “tromba” de frente com o Volkswagen Nivus, considerado pela Honda como um de seus principais concorrentes.
Mas, com o mesmo valor, você pode levar um Nissan Kicks ou um Hyundai Creta para a sua garagem.
- Honda WR-V LX 2021 – R$ 86.900
- Honda WR-V EX 2021: R$ 94.000
- Honda WR-V EXL 2021: R$ 98.600
Equipamentos de série
Honda WR-V LX 2021 – R$ 86.900
Entre os principais equipamentos de série, o Honda WR-V LX 2021 traz:
- freios ABS com EBD e ESS
- airbag duplo frontal
- controles de tração e estabilidade
- assistente de partida em rampa
- ar-condicionado
- direção elétrica
- travas e vidros elétricos
- retrovisores elétricos com setas integradas
- imobilizador eletrônico do motor
- sistema de áudio com conexão Bluetooth e câmera de ré integrada
- tapetes em carpete (estranho para um carro “dito” aventureiro)
- sistema de bancos Magic Seat (permite diversas configurações de
- assentos e a acomodação de objetos de grandes dimensões)
- regulagem de altura e profundidade do volante
- ajuste de altura do banco do motorista
- quatro alto-falantes
- sensor crepuscular com regulagem de altura do facho do farol
Honda WR-V EX 2021 – R$ 94.000
A versão EX 2021 possui os itens da LX com adição de:
- mais dois airbags (quatro ao todo: dois frontais e dois laterais)
- ar-condicionado digital e automático touchscreen
- central multimídia sensível ao toque de 7”, com conectividade com os
- sistemas Apple CarPlay e Android Auto
- apoio de braço no console central
- painel bluemeter
- volante revestido em “couro”
- cruise control – controle de velocidade cruzeiro (“piloto automático”)
- paddle shift (novidade da versão na linha 2021)
- sensores de estacionamento traseiros (novidade da versão na linha 2021)
- dois tweeters (novidade da versão na linha 2021)
Honda WR-V EXL 2021 – R$ 98.600 (carro testado)
Além de todos os itens acima, o WR-V EXL 2021, topo de linha, possui ainda:
- bancos revestidos em “couro” sintético
- navegador GPS integrado ao sistema multimídia
- retrovisores eletricamente rebatíveis
- sensores de estacionamento dianteiros
- espelho interno fotocrômico
- mais dois airbags (seis ao todo: dois frontais, dois laterais e dois do tipo cortina).
Revisões
Se os preços do WR-V desanima um pouco, o valor das revisões é quase um balde de água fria no consumidor.
As concessionárias Honda tem um excelente pós-venda (talvez o melhor do Brasil) e pagar por toda essa qualidade e excelência é normal, mas os preços precisam ser, urgentemente, revistos pela marca. Veja:
Honda WR-V (peças + mão de obra)
- 1ª revisão – R$ 348,15 (R$ 348,15 + R$ 0,00)
- 2ª revisão – R$ 521,28 (R$ 521,28 + R$ 0,00)
- 3ª revisão – R$ 582,65 (R$ 348,15 + R$ 234,50)
- 4ª revisão – R$ 2.248,33 (R$ 1.243,33 + R$ 1.005,00)
- 5ª revisão – R$ 582,65 (R$ 348,15 + R$ 234,50)
- 6ª revisão – R$ 956,78 (R$ 521,28 + R$ 435,50)
Total: R$ 5.239,84
Garantia 3 anos
Os custos das revisões do WR-V são praticamente os mesmos do seu irmão (maior e mais confortável) HR-V.
Honda HR-V (peças + mão de obra)
- 1ª revisão – R$ 354,42 (R$ 354,42 + R$ 0,00)
- 2ª revisão – R$ 581,52 (R$ 581,52 + R$ 0,00)
- 3ª revisão – R$ 589,02 (R$ 354,52 + R$ 234,50)
- 4ª revisão – R$ 1.709,24 (R$ 1.039,24 + R$ 670,00)
- 5ª revisão – R$ 589,02 (R$ 354,52 + R$ 234,50)
- 6ª revisão – R$ 1.722,18 (R$ 1.286,68 + R$ 435,50)
Total: R$ 5.545,40
Garantia 3 anos
Nissan Kicks
E o valor das revisões do WR-V são muito superiores aos do Nissan Kicks, que tem como diferencial “não cobrar” pela mão de obra.
A minha experiência com a revisão do meu March demonstrou que a Nissan tem um pós-venda qualificado.
- 1ª revisão – R$ 423,00 (R$ 423,00 + R$ 0,00)
- 2ª revisão – R$ 584,00 (R$ 584,00 + R$ 0,00)
- 3ª revisão – R$ 423,00 (R$ 423,00 + R$ 0,00)
- 4ª revisão – R$ 584,00 (R$ 584,00 + R$ 0,00)
- 5ª revisão – R$ 423,00 (R$ 423,00 + R$ 0,00)
- 6ª revisão – R$ 584,00 (R$ 584,00 + R$ 0,00)
Total: R$ 3.021,00
Garantia: 3 anos
Volkswagen Nivus
A Volkswagen é outra marca que tem fama de ter revisões caras. Para perder este estigma e se destacar, o Nivus (e o T-Cross) tem as três primeiras revisões grátis, fazendo muita diferença no bolso até os 60.000 km.
- 1ª revisão – R$ 0,00
- 2ª revisão – R$ 0,00
- 3ª revisão – R$ 0,00
- 4ª revisão – R$ 1.008,91
- 5ª revisão – R$ 486,30
- 6ª revisão – R$ 546,90
Total: R$ 2.042,11
Garantia: 3 anos
*: Preços das revisões retirados dos sites das respectivas marcas em 21/03/2021.
Ficha técnica – Honda WR-V EXL 1.5 CVT
- Potência: 115/116 cv (g/e) a 6.000 rpm
- Torque: 15,2/15,3 mkgf (g/e) a 4.800 rpm
- Comprimento: 4,068 m
- Largura: 1,734 m
- Altura: 1,599 m (com hack no teto)
- Altura livre do solo: 20,7 cm
- Entre-eixos: 2,555 m
- Porta-malas: 363 litros
- Tanque: 45,3 litros
- Peso: 1.117 kg (LX) / 1.123 kg (EX) / 1.138 kg (EXL)
- Consumo com etanol: 8,1/9 km/l na cidade e 13/14,9 km/l na estrada
De 0 a 100: Honda WR-V EXL
Avaliação | Nota (0 a 10) |
Desempenho | 6 |
Consumo | 8 |
Conforto/Acabamento | 7 |
Posição de dirigir (ergonomia) | 8 |
Visual/Design | 7 |
Equipamentos de série | 7,5 |
Segurança | 8 |
Espaço interno | 7 |
Porta-malas | 7 |
Custo/benefício | 4 |
Total – De 0 a 100 | 69,5 |
Resumo da obra
O Honda WR-V não é tão parrudo quanto uma máquina de construção (no caso da motoniveladora) como perguntei no início do post. Mas ele é robusto o suficiente para aguentar muito bem o “tranco” da cidade, da estrada de terra (leve) e, também, na estrada.
Sua versatilidade interna, aliados à boa ergonomia e à ótima média de consumo chamaram muito atenção, assim como a sua suspensão, direção e comportamento como um todo.
Mas seu preço precisa melhorar, assim como o valor das suas revisões – ambos pesados no bolso do consumidor. Embora valente, o motor 1.5 deixa a desejar em desempenho perante os concorrentes mais modernos e precisa evoluir.
Em linhas gerais, o novo Honda WR-V EXL, testado pelo De 0 a 100, é um carro muito legal que, se vendido com um preço mais adequado, vale ter na garagem.
Pontos positivos
- Versatilidade
- Consumo
- Ergonomia
Pontos negativos
- Preço de compra
- Preço das revisões
- Desempenho na estrada
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Gostei do wrv, mas preciso ver o test do Alto com o Nivus! Só assim para decidir qual comprar, já que não estou saindo do meu ap para nada.
Ótimo carro por ser um Honda. Um usado desse é ótima opção de compra.