Desde antes do desafio que lancei aqui, e da marca quase ter amarelado, eu queria testar um Renault Kwid Intense e, finalmente, isso aconteceu. O pequeno franco-paranaense ficou comigo por alguns dias e me agradou pelo desempenho, um pouco pelo preço e, principalmente, pelo consumo de combustível.
Mas o “SUV dos compactos” pode ainda evoluir em vários aspectos, como acabamento, nível de ruídos e ergonomia – pontos que, com certeza, já estão sendo analisados pela marca.
Pude entender, na prática, porque o Kwid é o sétimo carro mais emplacado do Brasil em 2018, com 59.670 unidades (de janeiro a novembro, segundo a Fenabrave) batendo, com folga de mais de 13.500 carros, o seu concorrente direto: Fiat Mobi.
O veículo da Renault é muito legal e se apoia no visual aventureiro e na economia para atrair o consumidor brasileiro. Economia essa que aparece, por exemplo, de duas formas:
1. Consumo de combustível do Renault Kwid
A primeira é na bomba. O Kwid não é amigo dos postos de combustível. Durante o período em que fiquei com o carro, consegui fazer três medições de consumo com gasolina na cidade (Belo Horizonte/MG): na primeira, 16,1 km/l; na segunda, 15,7 km/l; e, na terceira, 15,9 km/l – ou seja, média final de impressionantes 15,9 km/l na cidade com gasolina!!!
Na estrada, rodando com duas pessoas, pouca bagagem, ar-condicionado ligado e velocidade constante de 90 km/h, excelente média 21 km/l com gasolina.
Uma pena que o tanque de combustível tenha apenas 38 litros de capacidade, limitando a autonomia, que não é ruim: com um tanque, daria para rodar 798 km na estrada e 604,2 km na cidade. Imagine se a volume subisse para 45 litros – autonomia iria para 945 km na estrada!
2. Preço do Renault Kwid
A segunda economia está na hora da compra, que já foi bem melhor. Ainda assim, o Kwid tem uma boa relação custos/benefício entre os carros até R$ 42.000 do Brasil, oferecendo, de série, desde a versão de entrada, 4 airbags, ABS com EBD, Isofix, entre outros itens. Confira:
Renault Kwid Life – R$ 32.490
Principais itens: tomadas 12V, abertura interna do porta-malas, porta-objetos nas portas dianteiras com suporte para garrafa de 1 litro, apoios de cabeça dianteiros fixos, apoios de cabeça traseiros laterais, para-sol do motorista e do passageiro; espelho de cortesia lado passageiro; indicador de troca de marcha e de estilo de condução; para-choques da cor da carroceria; retrovisores e maçanetas pretos; rodas com aro 14”; desembaçador do vidro traseiro; retrovisores externos com regulagem manual interna; freios ABS com EBD; 4 airbags (2 frontais e 2 laterais); 2 Isofix; predisposição para rádio; ajuste de altura dos cintos de segurança dianteiros, entre outros.
Renault Kwid Zen – R$ 38.090
Principais itens: Life + ar-condicionado; dois alto-falantes; stripping preto inteiro na parte inferior da porta; revestimento interno do porta-malas; direção elétrica; travas e vidros dianteiros elétricos; retrovisor interno dia/noite; alarme de aviso luzes acesas; alças de segurança traseiras e rádio Continental 2DIN (Bluetooth, USB, auxiliar, Apple Device Connectivity).
Renault Kwid Intense – R$ 41.990
Principais itens: Zen + computador de bordo; tacômetro + Rev Meter; apoio de cabeça traseiro central; bolsas integradas na parte traseira dos bancos traseiros; MEDIA Nav 2.0 com tela de 7″; câmera de ré; chave canivete; abertura elétrica do porta-malas a distância; retrovisores elétricos; grade frontal cromada; faróis de neblina com detalhes cromados; retrovisores preto brilhante; maçanetas internas cromadas; elementos interiores branco marfim; banco e volante com design personalizado; rodas de 14” Flex Wheel em cinza antracite; maçanetas externas na cor da carroceria; Stripping Connect; e faróis de neblina.
Melhor versão do Renault Kwid
Como explico no vídeo, a melhor versão do Kwid para se comprar é a Zen, intermediária, por aliar equipamentos + preço, uma vez que a Life não tem direção elétrica e nem ar-condicionado, enquanto a Intense (carro testado) custa R$ 42.000.
Mas passar de R$ 38.000 liga o sinal de alerta para o Renault Kwid: é o limite que a versão Zen pode custar pois, acima disso, outras opções do mercado começam a ganhar importância na escolha (problema que o acabamento Intense já enfrenta).
Desempenho do Renault Kwid
Outro ponto que me agradou bastante no Kwid foi o seu desempenho.
O baixo peso (786 kg) ajudou o motor 1.0 12V SCe de três cilindros a beber pouquíssimo e a andar bem, mesmo sendo mais fraco do que o mesmo coração do irmão Sandero: 66 cv de potência e 9,4 mkgf de torque com gasolina e 70 cv e 9,8 kgfm com etanol – Sandero tem 79/82 cv e 10,2/10,5 mkgf.
Rodando com o Kwid
Na cidade, seu ambiente favorito, o Kwid foi bem quase o tempo inteiro. Só passou muito aperto, precisando embalar para encarar três subidas da capital mineira, com 4 adultos a bordo e ar-condicionado ligado. Nessa hora, ter um pouco mais de força em linhas gerais (comando de válvulas variável seria muito bem-vindo) faria diferença.
O volante do Kwird é relativamente leve, o que e facilita as manobras, mas fez falta o câmbio ter engates mais precisos e suaves para tornar a condução mais agradável.
Na estrada, na hora de ultrapassar, mais uma vez o baixo peso do Kwid ajudou, assim como o escalonamento mais curto das marchas – não espere alta velocidade final no pequeno francês. Senti falta apenas do carro ser mais estável, pois ele sofre muito com deslocamentos de ar (vindo de caminhões e ônibus, por exemplo). Talvez um pneu mais largo ajudasse.
Freios do Renault Kwid
O Kwid Intense que a assessoria de imprensa da Renault me emprestou foi fabricado antes do problema dos freios ter sido corrigido direto da fábrica. Ou seja, o veículo passou foi um dos 21.802 carros chamados para o recall dos freios.
E eu fui o primeiro jornalista a pegar o veículo depois do recall. Nos primeiros dois dias, confesso que não confiei no freio. A sensação de que o veículo não ia parar acontecia em quase todas as pisadas no pedal, exigindo que eu dirigisse de maneira ainda mais defensiva, usando bastante o freio motor para me ajudar.
A partir do terceiro dia, as peças parecem ter se “encontrado” e o sistema começou a funcionar melhor, me passando mais confiança. Hoje, de acordo com a Renault, a situação dos freios do Kwid é absolutamente normal. Assim espero!
Teste do Alto: espaço interno do Renault Kwid
Sobre o espaço interno, melhor do que ler sobre o espaço interno do Kwid é pode assistir e avaliar você mesmo sobre esse aspecto:
Porta-malas do Kwid
Mesmo com medidas compactas (veja abaixo), o franco-paranaense tem um porta-malas com boa capacidade: 290 litros – igual ao dos Fiat Uno e Palio e maior do que: Fiat Mobi (215 l), Ford Ka (257 l) e Volkswagen Up e Gol (285 l).
Acabamento do Renault Kwid é um problema
Mas o Renault Kwid tem espaço para evoluir e o ponto mais necessário é o acabamento. Seu interior se caracteriza pela simplicidade e alguns pontos preocupam.
A borracha que reveste a porta dianteira esquerda é alvo diário do motorista que, ao entrar e sair, esbarra nela, a fazendo rachar e romper (veja no vídeo do início). A alavanca de abertura do bocal do tanque de combustível tem aspecto frágil e fica a impressão que, mais cedo ou mais tarde, ela vai sair na sua mão.
Algumas partes do painel também merecem melhorias, como melhores encaixes e peças com material um pouco melhor ao toque.
Essas peças e outras que não enxergamos fazem o Kwid sofrer com mais um problema: ruídos internos, que piora pela vibração do motor e, especialmente, pelo fraco isolamento acústico da cabine. Em vários momentos não consegui identificar de onde o barulho estava vindo.
É de entrada, mas pode (e deve) melhorar
Tudo bem que esse é um carro de entrada e, para isso, ele deve custar o mínimo possível. Prova disso são os bancos dianteiros inteiriços (com apoios de cabeça embutidos), um limpador de para-brisa e rodas com apenas três parafusos.
Mas a marca francesa tem qualidade e criatividade suficiente para evoluir o seu veículo, mantendo o preço atraente.
Ergonomia: sinal claro de economia
Outro aspecto bastante claro de economia é a ergonomia: posso dizer que todo o trio elétricos fica no painel central. Ou seja, botões para controles dos vidros, dos retrovisores e da trava elétrica ficam todos no centro do painel (para poupar chicote elétrico).
Além de prejudicar até a segurança do motorista, uma vez que deixar tudo na porta é mais fácil e exige menos atenção), essa solução atrapalha a ergonomia.
Quem vai dirigir até encontra uma posição razoável de guiar, mas faltam ajuste de altura do banco e de altura e, por que não, de profundidade do volante – afinal, esse é um projeto do século 21.
Ficha técnica Renault Kwid Intense 1.0 12V SCe (três cilindros)
- Potência: 66/70 cv (g/e) a 5.500 rpm
- Torque: 9,4/9,8 mkgf (g/e) a 4.250 rpm
- Comprimento: 3,680 m
- Largura: 1,579 m
- Altura: 1,474 m
- Altura livre do solo: 18,0 cm
- Entre-eixos: 2,423 m
- Porta-malas: 290 litros
- Tanque: 38 litros
- Peso: 758 kg (Life) / 779 kg (Zen) / 786 kg (Intense)
- Consumo com gasolina: 15,9 km/l na cidade e 21 km/l na estrada
De 0 a 100 Renault Kwid Intense 2018
Avaliação | Nota (0 a 10) |
Desempenho | 7,5 |
Consumo | 10 |
Conforto/Acabamento | 4 |
Posição de dirigir | 4 |
Visual/Design | 7,5 |
Equipamentos de série | 7 |
Segurança | 6,5 |
Espaço interno | 5,5 |
Porta-malas | 8 |
Custo/benefício | 7 |
Total – De 0 a 100 | 67 |
Resumo da obra
Por mais que a ergonomia, o acabamento e o nível de ruído tenham me incomodado, assim como a falta de um pouco mais de espaço para dirigir e de cinto de três pontos central traseiro, os pontos positivos do Kwid chamaram muito mais a minha atenção do que os negativos.
A média de consumo de combustível foi impressionante! Desempenho também agradou! Imaginem quando a Renault atualizar o motor do Kwid com as mesmas soluções adotadas no do Sandero? Vai andar mais e beber ainda menos!
Porta-malas também é outro ponto positivo, mas o preço saiu do “verde” e entrou no “amarelo”. Sobre esse aspecto, a Renault precisa ficar muito atenta, pois todas as versões subiram de preço mais de uma vez nos últimos 12 meses. A marca francesa não pode cometer com o Kwid o mesmo erro da Fiat fez com o Mobi.
No mais, o Kwid é bem legal e vale a compra, nessa ordem: Zen e Intense (Life, não).
Pontos positivos
- Consumo
- Desempenho
- Preço (ainda positivo)
- Porta-malas
Pontos negativos
- Acabamento
- Nível interno de ruídos
- Ergonomia
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só n entendi o 7 para custo-beneficio no final
Zé, a nota 7 de custo/benefício é para a versão Intense – todas as notas da tabela são. Se eu tivesse testado a versão Zen, as notas teriam sido diferentes: custo/benefício, por exemplo, teria sido mais alta. Um abraço!
concordo em gênero, número e grau
Obrigado!
Também concordo, bom custo benefício.
Até que ficou bonito.
Estou há 5 meses com um modelo Zen…apesar de ter tido uns contratempos devido a defeitos de fábrica do carro (portas desalinhadas e vibração excessiva provocada pelo anel da junta de escape mal instalado), a Renault resolveu tudo na garantia sem dor de cabeça. Carro muito econômico e esperto na cidade, além do ótimo porta malas que da conta tranquilamente da bagagem de uma família pequena em viagens. Muito econômico mesmo! No etanol na cidade passa de 10km/L usando o ar condicionado moderadamente. Na estrada com gasolina encosta nos 18km/L rodando a 100-110km/h. Não me arrependo da compra e recomendo pra quem não vai esmerilhar o carro porque ele claramente não foi feito para trabalho pesado como os antigos Uno e Celta.