Você já deve ter lido na internet que o Nissan Kicks agora é vendido também no México. Mas por que isso é bom para o Brasil?
É bom por dois motivos. Mas antes de listá-los, vale lembrar que o Nissan Kicks foi lançado mundialmente e comercialmente no Brasil em 4 de agosto, data do início dos Jogos Olímpicos Rio 2016, e deu o que falar. Com isso, o crossover global da marca japonesa chega ao seu segundo mercado, o México, país onde ele é produzido, na fábrica de Aguascalientes. A expectativa é que o modelo seja lançado em diversos países da América Latina nos próximos meses.
De acordo com a Nissan, o Kicks “também é um dos primeiros veículos a oferecer o conceito de ‘Mobilidade Inteligente’, apresentado este ano no Salão do Automóvel de Genebra, que utiliza novas tecnologias para reduzir o estresse para os motoristas com inovações como visão periférica 360º, detecção de objetos ao redor do modelo e economia de combustível por meio de, entre outras coisas, uso de motores de baixo peso”. A parte do estresse eu realmente não sei, mas o Kicks é o SUV mais econômico da categoria no Brasil segundo o Inmetro.
Em termos visuais, o Kicks vendido no México é idêntico ao brasileiro, mas, diferente do nosso, que é praticamente monocromático (branco, prata, cinza claro, cinza escuro que parece marrom e preto – só o teto pode ser laranja), no país da pimenta o modelo pode ser encontrado em cores mais quentes, como vermelho, azul e laranja. Em termos mecânicos, o SUV da Nissan tem os mesmos câmbio automático CVT (juntamente com uma opção manual de cinco marchas) e motor 1.6 16V a gasolina que, por lá, desenvolve 120 cv e 15,2 mkgf – contra 114 cv e 15,5 mkgf do brasileiro do propulsor bicombustível
Voltando aos motivos, o primeiro é que, com mais escala de produção, a tendência é termos um aperfeiçoamento da qualidade produtiva, resolvendo alguns deslizes de acabamento e montagem que alguns donos brasileiros do Kicks têm comentado em fóruns na internet.
E isso será excelente como aprendizagem para o início da fabricação do Kicks no Brasil em 2017, na fábrica da Nissan em Resende, no Rio de Janeiro.
O segundo motivo é que, com o lançamento do Kicks no México, conseguimos ter uma noção do que a Nissan pretende para o mercado brasileiro com as tão esperadas versões mais baratas do modelo, que conviverão com a SL, que custa altos R$ 89.990.
PREÇOS | ||
Nissan Kicks México | Equivalência em Real* | Nissan Kicks Brasil |
Sense 1.6 MT5 – $283.900 | R$ 46.550 | – |
Advance 1.6 CVT – $308.000 | R$ 50.510 | – |
Exclusive 1.6 CVT – $348.700 | R$ 57.180 | SL 1.6 CVT – R$ 89.990 |
Bitono 1.6 CVT – $353.700 | R$ 58.000 | SL 1.6 CVT – R$ 92.490 com teto laranja |
* Equivalência cambial simples, sem a inclusão de impostos.
Analisando os preços das configurações mexicanas (Sense, de entrada, Advance, intermediária, e Exclusive, mais refinada), podemos esperar que as prováveis versões brasileiras SV (intermediária) e S (inicial) custem, em média, 11,6% e 18,7% menos, respectivamente, em relação à topo de linha SL. Ou seja, será que teremos o Kicks SV por R$ 79.500 e o Kicks S por R$ 73.100? Só saberemos em 2017.
Entre os equipamentos de série, a versão Sense (poderia ser a nossa S) sai da fábrica de Aguascalientes com freios com sistema ABS com EBD e BA (assistente de frenagem de emergência), partida do motor por botão no painel (iKey), airbag duplo frontal, sistema de áudio com rádio AM/FM, entradas USB e auxiliar e conexão Bluetooth; ar-condicionado, direção com assistência elétrica, tomada 12V, ajuste de altura do banco do motorista e de altura e profundidade do volante, entre outros. A versão intermediária Advance adiciona rodas de liga leve aro 17″, faróis de neblina, sensor de estacionamento traseiro, volante revestido com couro e faróis dianteiros com “assinatura” em leds.
Na parte de cima da tabela temos as versões Exclusive e Bitono (igual a irmã mas com teto com uma cor diferente da carroceria), que são equivalentes à nossa SL. Veja quais são os principais itens de série: parte do acabamento em couro, tela colorida de 7″, cuja posição centralizada oferece uma série de sistemas de informação, entretenimento e conexão para smartphones; volante com a base reta; Around View Monitor (monitor com visão 360°) e para o Moving Object Detection (detecção de objetos em movimento), que se utilizam de quatro câmeras integradas para exibir uma visão total do carro e alertar ao condutor no caso de qualquer perigo que tenha passado despercebido; ar-condicionado digital, direção elétrica, sensor de estacionamento, botão start/stop para ligar e desligar o veículo; travas, vidros e retrovisores elétricos; entradas USB e auxiliar, comandos de som e do telefone (Bluetooth) no volante, banco traseiro bipartido, faróis de neblina, airbags frontais, laterais e do tipo cortina, entre outros.
Em 2017, produção nacional e mais versões
Para encerrar, em 2017, teremos a produção nacional do Kicks, como comentei acima. Com ela, teremos as novas e mais baratas versões.
Pensando nisso, não será surpresa se a Nissan vender o Kicks apenas com câmbio automático CVT no Brasil, sem uma opção manual. Mas, como essa transmissão acrescenta, em média, o salgado valor de R$ 4.800 (o conjunto é importado) ao preço de um Nissan da família composta por March Versa e Kicks, até faria sentido ter uma versão manual no leque de opções.
Sobre preços, com a fabricação nacional, espero, de verdade, que a Nissan reconsidere a sua estratégia de valores, deixando as opções do Kicks mais em conta, mais ou menos nessa faixa:
- Nissan Kicks S 1.6 16V manual – R$ 69.990
- Nissan Kicks S 1.6 16V CVT – R$ 74.790
- Nissan Kicks SV 1.6 16V CVT – R$ 77.290
- Nissan Kicks SL 1.6 16V CVT – R$ 81.990
É meio que uma utopia, mas, se a Nissan fizer isso, ponho a minha mão no fogo de que a marca terá dificuldades de atender a altíssima demanda pelo seu modelo.
“1.6 16V a gasolina que, por lá, desenvolve 120 cv e 15,2 mkgf – contra 114 cv e 15,5 mkgf do brasileiro”
Alguma explicação para essa significativa diferença?
Imagino que sejam duas: temos etanol na nossa gasolina (o que altera a composição do combustível) e motorização flex (também foi alterada para rodar com gasolina e etanol) + a opção da Nissan por fazer um ajuste que valorize um pouco mais o torque do veículo – a marca deve tentar equilibrar os ajustes, mantendo o máximo de potência e torque, sem sacrificar o consumo, mantendo os custos o mais baixo possível.
Com certeza a gasolina vendida no México é mais limpa do que a nossa e, provavelmente, com uma octanagem maior, o que deve ter permitido para a Nissan ajustar o motor para ter um pouco mais potência.