O Brasil segue no foco das maiores montadoras de veículos, depois de bater novo recorde de vendas em 2012, com crescimento de 4,6% nos negócios, embora tenha derrapado na produção, com queda de quase 2% no ano. “Às vezes, penso que eu deveria ser brasileiro”‘, brinca o presidente mundial do grupo Fiat-Chrysler, Sergio Marchionne, enquanto circula pelo estande da empresa no Salão do Automóvel de Detroit.
“O Brasil manda bem”, afirma um sorridente Alan Mulally, presidente mundial da Ford. Os dois executivos apostam em novo crescimento no mercado brasileiro para este ano, depois de o País atingir a marca de 3,8 milhões de unidades, a maior da história.
Com esse desempenho, as matrizes das montadoras seguem investindo no Brasil. Mulally confirmou ontem que a Ford iniciará a produção, ainda neste semestre, do novo Fiesta. Será na fábrica de São Bernardo do Campo, segundo outro executivo do grupo, o vice-presidente Mark Fields, que em 2014 deve assumir o comando da companhia americana com a aposentadoria de Mulally.
Fábrica da Mercedes
O presidente global da Mercedes-Benz, Dieter Zetsche, informa que o grupo mantém estudos para voltar a produzir automóveis no País. O sedã médio CLA, apresentado na noite de domingo, é o cotado para estrear uma futura linha de montagem brasileira. “Queremos muito ter uma fábrica local.” Segundo Zetsche, a Mercedes no Brasil incluiu em seu plano de investimentos entregue à matriz a proposta da fábrica local. Embora não haja prazo para a definição, a resposta é esperada para este semestre.
Já o principal executivo da BMW, Ian Robertson, diz que as obras de terraplenagem da fábrica que será construída em Santa Catarina devem começar nas próximas semanas. Ele também confirmou que os carros eleitos para produção local serão os sedãs da família Serie 3 e os utilitários da linha X (X1, X3 e X5).
Marchionne se diz “incrivelmente feliz e orgulhoso” com os resultados da marca no mercado brasileiro, onde a Fiat lidera as vendas de automóveis e comerciais leves. “Estamos aguardando a abertura da fábrica de Pernambuco, onde vamos produzir um carro do segmento mais importante no mercado brasileiro”, diz o executivo, referindo-se a um compacto, que deve substituir o Mille. A unidade deve iniciar operações no fim de 2014, prazo também previsto para a unidade da BMW.
Desenvolvimento
Outro destaque do Brasil é a presença, pela primeira vez, de dois carros desenvolvidos no País, o compacto Onix e o monovolume Spin. Os dois veículos ocupam espaço reservado para cinco modelos globais produzidos fora dos EUA que a GM apresenta no salão. “Isso mostra nosso nível global de compromisso com os clientes do mundo todo”, diz Carlos Barba, diretor de Design da GM do Brasil e responsável pelo desenvolvimento dos dois produtos.
“Estamos muito otimistas com o mercado brasileiro depois do lançamento de novos modelos, entre os quais o Onix, que particularmente está vendendo muito bem”, afirma Dan Akerson, presidente mundial da GM. Já Mulally elogiou o novo regime automotivo, chamado de Inovar-Auto. O Inovar-Auto estabelece metas de redução de emissões para os novos carros fabricados a partir de 2017 e prevê benefícios fiscais para as empresas que desenvolverem tecnologias e peças localmente.
Texto: Cleide Silva
Reprodução de O Estado de S. Paulo