Mesmo com a prorrogação do desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) até o fim do ano, o mês passado registrou alta de 18,5% nas vendas de veículos em relação a setembro, com um total de 341,7 mil unidades, o melhor outubro da história. O recorde anterior para o período tinha sido em 2010, com 303,1 mil unidades.
Somente em automóveis e comerciais leves, segmento beneficiado pelo imposto menor, foram vendidas 327,1 mil unidades, um aumento de 17,8% ante setembro. Na comparação com outubro de 2011, os aumentos são de 21,8% nas vendas totais e de 24% nas de automóveis e comerciais leves.
No ano, as vendas de veículos, incluindo caminhões e ônibus, somam 3,130 milhões de unidades, resultado 5,7% maior que o de igual intervalo de 2011. Em automóveis e comerciais leves, a alta é de 7,2%, com 2,993 milhões de unidades, segundo dados de mercado com base nos licenciamentos.
O balanço oficial do setor será divulgado na terça-feira pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Abaixo da média
O resultado de outubro, apesar de recorde para o mês, está abaixo do obtido nos três primeiros meses de redução do IPI, quando foram vendidas 353,2 mil unidades (junho), 364,2 mil (julho) e 420 mil (agosto). Os negócios despencaram em setembro – para 288,1 mil veículos – e voltaram a reagir no mês passado.
Analistas esperam nova queda neste mês, mas uma possível corrida às lojas em dezembro, quando termina o benefício do IPI, já prorrogado duas vezes. “A indústria automobilística segue passo de crescimento nada enlouquecido – como o verificado em agosto -, mas perfeitamente possível de ser atingido”, diz o diretor do Centro de Estudos Automotivos (CEA), Luiz Carlos Mello. Ele concorda com as projeções da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), de que o ano deve fechar com desempenho recorde de 3,8 milhões de veículos vendidos, quase 5% mais que em 2011. “O mercado brasileiro ainda tem uma demanda reprimida.”
O benefício do IPI, que termina em 31 de dezembro, reduziu de 7% para zero a alíquota desse imposto para modelos nacionais com motor 1.0 e de 11% a 13% para 5,5% a 6,5% para versões até 2.0.
Novidades
O consumidor brasileiro confirmou, no mês passado, sua atração por novidades. O compacto Hyundai HB20, que chegou às lojas no dia 10 com preços a partir de R$ 32 mil, vendeu 3.313 unidades e tem fila de espera até fevereiro. A empresa já criou um segundo turno de trabalho na recém-inaugurada fábrica de Piracicaba.
Seu concorrente, o também novato Toyota Etios, vendeu 1.723 unidades nas versões hatch e sedã, com preços a partir de R$ 30 mil. Os dois modelos fabricados no País são apontados como responsáveis pelo aumento de participação no mercado de automóveis e comerciais leves das duas marcas. A Toyota saltou de uma fatia de 3,2% em setembro para 3,9% no mês passado e a Hyundai de 2,6% para 3,2%.
A alta demanda está provocando algumas mudanças nas tabelas sugeridas pelas fábricas. O Nissan March importado do México – cujas vendas estavam suspensas havia cerca de dois meses em razão da falta de produtos – volta a ser vendido nos próximos dias com reajuste de R$ 1,1 mil. A empresa estourou sua cota de importação de produtos sem Imposto de Importação e agora está trazendo o compacto pagando 35% de imposto.
A Citroën também aumentou em cerca de 2% os preços de algumas versões do C3 para adequar o mix de produtos com a demanda do mercado. A nova versão do compacto premium foi lançada em agosto e tem vendido, em média, mais de 3 mil unidades por mês.
Fonte: Estadão
Texto: CLEIDE SILVA – O Estado de S.Paulo