Divulgação/Red Bull GEPA Images |
Uma temporada repleta de ultrapassagens. Não tenho dúvidas de que esse é um dos principais desejos de muitos fãs de Fórmula-1 à temporada 2012 da categoria. E, para isso, nem é preciso escrever cartinhas ao Papai Noel. Basta torcer para que o retrospecto de 2011 se repita. Segundo dados divulgados recentemente pela equipe Mercedes, nada menos que 1486 ultrapassagens ocorreram nas 19 corridas de F-1 do ano passado. Um salto e tanto em relação a 2010, quando, também em 19 Grandes Prêmios, aconteceram apenas 547 adiantamentos.
É bem verdade que aspectos desse novo cenário desagradaram a alguns. Jacques Villeneuve disse que as ultrapassagens parecem artificiais. Niki Lauda classificou a asa móvel como estupidez. Mas, alheio a qualquer crítica, fatores como desgaste dos pneus Pirelli, Sistema de Recuperação de Energia Cinética (KERS) e, sobretudo, o Sistema de Redução de Arrasto Aerodinâmico (DRS) ajudaram a render corridas emocionantes ao longo de 2011. Prova de que a FIA acertou a mão no regulamento técnico da Fórmula-1. Finalmente.
Aumentar o número de ultrapassagens nas corridas era desejo antigo da diretoria da entidade. Muitos regulamentos foram desenvolvidos. Em vão. Na temporada de 1998, por exemplo, os pneus sulcados foram adotados com o intuito de antecipar à freada dos carros às curvas e, desse modo, facilitar o serviço da turma do volante nos adiantamentos. Não deu certo.
Mas se a temporada 2011 foi repleta de ultrapassagens, o mesmo nível de disputas não pode ser empregado à disputa pelo título. No ano recém-encerrado, Sebastian Vettel massacrou a concorrência. Pole em 15 de 19 provas, não saiu na primeira fila em somente uma ocasião. Cravou 17 pódios, 11 vitórias e liderou o campeonato de ponta a ponta. Sagrou-se bicampeão com quatro provas de antecedência, em Suzuka.
Trata-se de um cenário irônico. Não propriamente por Vettel e Red Bull, geniais em 2011. Incontestáveis. Mas porque algumas das disputas por títulos mais equilibradas da história da Fórmula-1 ocorreram justamente em anos anteriores, quando o número de ultrapassagens era considerado baixo. Era causa de reclamação até mesmo entre cartolas da categoria. Inclusive a ninguém menos que Bernie Ecclestone. O presidente da Formula One Management (FOM) chegou até a sugerir a utilização de chuvas artificiais durante as provas.
Bem, vejamos. A disputa pelo primeiro lugar no Mundial de Pilotos se estendeu até a prova de encerramento de quatro dos cinco campeonatos anteriores a 2011. Em 2006 e 2008, com dois pilotos na briga; em 2007 e 2010, com três. Aliás, em 2010, cinco pilotos chegaram a se envolver no embate pelo título. Para se ter uma ideia, o campeão, Sebastian Vettel, constou apenas uma vez em primeiro lugar na classificação do certame: após a quadriculada na última prova do ano, em Abu Dhabi.
Convenhamos, não haveria melhor instante para liderar.
De qualquer modo, 2011 não foi um ano com muitas disputas diretas no campeonato. Michael Schumacher e Nico Rosberg ensaiaram uma briga pelo sétimo lugar do Mundial, porém Schumi jamais ameaçou o companheiro de Mercedes de modo incisivo. Na luta pela nona colocação, Adrian Sutil levou a melhor contra Vitaly Petrov. Uma posição honrosa, atrás apenas de pilotos dos quatro grandes times da Fórmula-1. Aliás, a equipe de Sutil, Force India, quase beliscou o quinto posto entre os Construtores. Somou 69 pontos, contra 73 da Renault. Pouco atrás, no duelo pelo sexto lugar, a Sauber levou a melhor sobre a Toro Rosso. Contudo, fato é que a briga mais significativa do ano se deu pelo vice-campeonato.
Quatro pilotos se envolveram na disputa pelo posto, que trocou de mãos por sete vezes ao longo de 2011. Jenson Button, Fernando Alonso e Mark Webber chegaram a Interlagos, palco do GP de encerramento da temporada, com chances de faturar o vice. Button levou a melhor. Somou 270 pontos. Não muito atrás vieram Webber e Alonso, respectivamente com 258 e 257 pontos.
Exceção feita aos fãs de Sebastian Vettel, não tenho dúvidas de que os fãs de Fórmula-1 esperam que a temporada 2012 tenha uma disputa por título mais intensa que em 2011. Bem, daí sim talvez seja necessário pedir ao bom velhinho…
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