O Volkswagen T-Cross é um dos SUVs mais legais que dirigi nos últimos tempos. Rodei, no mesmo dia, nas versões com motores 1.0 TSI e 1.4 TSI. Embora seu interior decepcione em relação à concorrência, seu conjunto mecânico deveria fazer toda a diferença na “hora H” da escolha do interessado. Mas não é isso que está acontecendo. Por isso, suas vendas estão abaixo do esperado e a Volks já se movimenta para elevá-las.
Emplacamentos
Segundo números da Fenabrave, nos últimos três meses, o T-Cross emplacou cerca de 3.024 carros por mês. É um número bom, que coloca o modelo na segunda faixa de disputa de mercado, onde se encontram Ford EcoSport e os Renault Captur e Duster.
Mas essa média mensal está bem abaixo do que a Volkswagen esperava, uma vez que ela quer brigar na parte de cima da tabela, contra o Jeep Renegade (5.818 unidades em média nos últimos 3 meses), o Nissan Kicks (4.840), o Hyundai Creta (4.152) e o Honda HR-V (3.969) – eu até poderia incluir aqui o Compass, mas preferi deixá-lo de fora por ele ser maior do que a turma analisada.
Modelo | Maio | Junho | Julho | Total 2019* | Participação** |
Jeep Renegade | 5.754 | 5.911 | 5.790 | 38.837 | 11,99% |
Nissan Kicks | 4.519 | 4.703 | 5.299 | 31.124 | 9,61% |
Hyundai Creta | 4.512 | 4.636 | 3.307 | 29.552 | 9,13% |
Honda HR-V | 4.155 | 3.897 | 3.856 | 27.552 | 8,51% |
Ford EcoSport | 2.716 | 2.384 | 2.530 | 17.963 | 5,55% |
Renault Captur | 1.841 | 3.898 | 2.680 | 16.463 | 5,08% |
Renault Duster | 2.490 | 3.019 | 1.777 | 14.789 | 4,57% |
Volkswagen T-Cross | 3.002 | 2.918 | 3.151 | 11.117 | 3,43% |
Chevrolet Tracker | 1.031 | 1.201 | 1.293 | 9.978 | 3,08% |
Citroën C4 Cactus*** | 1.484 | 1.154 | 1.474 | 9.228 | 2,85% |
Peugeot 2008 | 660 | 626 | 787 | 4.729 | 1,46% |
Chery Tiggo 5X | 698 | 655 | 644 | 3.452 | 1,07% |
*: De janeiro a julho de 2019
**: Participação no segmento
***: Não considero um SUV, mas quis colocá-lo na lista
Mix de vendas
De acordo com a consultoria JATO Dynamics, dentro da linha do T-Cross, a versão mais vendida é a Highline 1.4 250 TSI (a mais cara), seguida pela Comfortline 1.0 200 TSI (segunda mais cara), que juntas somam cerca de 90% do mix.
As versões de entrada, 200 TSI automática e 200 TSI manual, completam os outros 10%, com vantagem para a automática (cerca de 7,4%) – não será surpresa se o T-Cross manual deixar de existir nos próximos 12 a 18 meses.
Por isso, para aumentar o volume das vendas e até para desencalhar as versões de entrada, a Volkswagen precisou se movimentar.
Preços sugeridos da linha 2020 do Volkswagen T-Cross
- Volkswagen T-Cross 200 TSI manual (1.0) – R$ 84.990
- Volkswagen T-Cross 200 TSI automático (1.0) – R$ 94.490
- Volkswagen T-Cross Comfortline 200 TSI automático (1.0) – R$ 99.990
- Volkswagen T-Cross Highline 250 TSI automático (1.4) – R$ 109.990
Promoção
Primeiro passo da estratégia de colocar o T-Cross no topo é trabalhar no seu principal problema: o preço. Numa “promoção” que começou em julho e vai até o dia 31 de agosto, a versão de entrada 200 TSI automático, está com R$ 5.000 de desconto.
Ou seja, de altos R$ 94.490 ela sai por mais atraentes R$ 89.490 – sempre no ano modelo 2019/2020. Se isso não fosse suficiente, a Volks ainda oferece as três primeiras revisões grátis (durante 36 meses após a contratação ou até 10 mil km, o que ocorrer primeiro).
E olha que consegui desconto ainda maior na minha visita à concessionária da marca no último sábado, conseguindo o T-Cross TSI 200 AT por cerca de R$ 88.000 – e o T-Cross Comfortline TSI 200 AT por cerca de R$ 94.000.
Mudança na linha (no painel)
O consumidor do T-Cross pediu, a Volkswagen rapidamente fez para tentar alavancar as vendas. A partir de agora, o painel de instrumentos digital (Active Info Display), antes oferecido somente na versão Highline, está disponível também para o acabamento Comfortline.
A novidade faz parte do pacote “Exclusive II & Interactive”, que substitui o “Exclusive & Interactive”. A novidade, além do painel digital, traz itens como sistema KESSY & GO (acesso ao veículo sem o uso da chave e botão para partida do motor), sistema de infotainment “Discover Media” (com tela de 8” sensível ao toque, com navegação e comando de voz), seletor do modo de condução, iluminação ambiente em LED, retrovisores externos eletricamente rebatíveis, entre outros.
Highline bi-color
Além disso, a opção de pintura de carroceria em dois tons (restrita ao lote inicial First Edition) também passa a figurar como opcional para o T-Cross Highline. O teto é pintado na cor Preto Ninja (quando a cor carroceria é Branco Puro, Cinza Platinum, Prata Sargas ou Bronze Namibia) ou Cinza Platinum, quando a carroceria é Preto Ninja.
A mesma lógica segue para os retrovisores e colunas “A” e “C”, que são pintados em Preto Ninja ou Cinza Platinum. Já as rodas de liga leve 17″ são diamantadas e na cor preta, independentemente da cor da carroceria.
Equipamentos de série
Desde a versão de entrada, 200 TSI manual, o T-Cross vem equipado, de série, com seis airbags (duplo frontal, laterais dianteiros e de cortina); antena; cinto de três pontos e apoio de cabeça para todos os ocupantes; ar-condicionado; assistente para partida em aclives/subidas (Hill Hold Control); banco do motorista com ajuste milimétrico de altura; banco do passageiro dianteiro rebatível e traseiro bipartido; coluna de direção com ajuste de altura e profundidade com volante multifuncional; computador de bordo com display multifuncional; controles de estabilidade (ESC), tração (ASR) e bloqueio eletrônico do diferencial (EDS); desembaçador, limpador e lavador do vidro traseiro; direção elétrica; espelhos retrovisores externos com luzes indicadoras de direção integradas e eletricamente ajustáveis com função tilt down no lado direito; faróis com função Coming & Leaving Home com luz de condução diurna em LED; faróis de neblina com função Cornering Light (luz de conversão estática); fixação de assento de criança com sistema ISOFIX / Top Tether; iluminação no porta-malas; parafusos das rodas com sistema antifurto; Rodas de liga leve de 16” com pneus 205/60 R16 de baixa resistência a rolagem; rack de teto longitudinal na cor preta; sensor crepuscular; sensores de estacionamento traseiros; alarme antifurto com comando remoto; sistema de som “Media Plus” com rádio AM/FM, bluetooth, MP3 player e entradas USB e SD-card e quatro alto-falantes (dois dianteiros e dois traseiros); tomada 12V no console central e no compartimento de bagagens; travamento elétrico e remoto das portas, porta-malas e tampa de combustível; vidros elétricos dianteiros e traseiros com função “one touch” nos dianteiros; entre outros.
Motores e câmbios
A versão sem sobrenome está disponível com câmbio manual de seis marchas ou automática de seis marchas (Tiptronic), essa última a única opção da intermediária Comfortline.
Ambas as versões têm debaixo do capô o motor TSI: 1.0 12V de três cilindros, com injeção direta de combustível e turbo, que desenvolve 116 cv de potência com gasolina e 128 cv com etanol – ambos os números atingidos a 5.500 rpm. Esse propulsor gera 20,4 mkgf de torque (200 Nm) entre 2.000 rpm e 3.500 rpm com qualquer combustível.
Disponível exclusivamente com transmissão automática de seis velocidades, a versão Highline conta com a motorização TSI 1.4 16V de quatro cilindros, com injeção direta e turbo, desenvolve 150 cv e 25,5 mkgf (250 Nm) com gasolina, etanol ou com a mistura dos dois.
Resumo da obra
As mudanças demonstram que a Volkswagen está atenta ao feedback dos consumidores. Mas a marca não pode fazer muito além disso (oferta de cores e opcionais) pois precisa esperar a linha 2020/2020 ou 2020/2021 para corrigir mais pontos da família T-Cross.
Se a marca se movimentar de maneira mais agressiva antes disso, cometerá o mesmo grave erro de outras montadoras, como a Ford, com o Ka 2018.
De toda forma, além de ajustar cores e opcionais, a VW pode (e deve) trabalhar nos preços do T-Cross. Se o desconto de R$ 5.000 virasse permanente, e para a toda a linha, ponho minha mão no fogo que o carro subiria sua média de emplacamento mensal para mais de 4.000 unidades.
Isso porque o consumidor ainda pensa “nossa, vou pagar mais de R$ 90.000 num carro 1.0?” (por mais que ele seja turbo). Não é à toa que a versão mais vendida do T-Cross, com mais de 55% do mix, é a Highline 1.4 250 TSI.
ACOMPANHE O DE 0 A 100 TAMBÉM PELO:
- Youtube: https://www.youtube.com/dezeroacembr
- Facebook: https://www.facebook.com/dezeroacem
- Instagram: https://www.instagram.com/dezeroacem
T-Cross é um bom carro, mas prefiro investir num SUV japonês, pois o custo/benefício é melhor, ainda mais pensando no pós venda (especialmente HR-V)
Falta no TCross um acabamento interno melhor com painel mais refinado. Como você disse, o preço de um carro 1.0 por mais de 90.000 assusta. Aí consumidor entra no carro e vê um painel de gol. Aí que ele não compra mesmo.
FATO! É o ponto negativo de termos T-Cross, Polo e Virtus virtualmente idênticos por dentro.
Carro caro. Até a Ecosport tem painel com material melhor.