Com vocações urbanas, Fiat Mobi não inova, mas agrada

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Fiat Mobi Like On 2017

É, meus amigos. Escrevi o início desse post, até agora, 9 vezes, mas não consegui chegar a uma conclusão definitiva do que achei do Fiat Mobi. O máximo que consegui foi que ele não inova, mas agrada – como aconteceu no lançamento do Hyundai HB20. A sensação é a de que a marca italiana poderia ter feito mais para a sua novidade, especialmente em termos de motorização e tecnologia – como foi com a picape Toro.

Por outro lado, o que foi feito torna o veículo simples (em termos de mecânica) e confiável – argumentos muito fortes de venda para esse segmento, especialmente para um carro com vocações quase que exclusivamente urbanas. Com certeza isso já é suficiente para a FCA aposentar a dupla Uno Vivace (que deveria ter morrido quando o “novo” Uno chegou) e Palio Fire (esse ficará mais um pouco conosco, pois tem um público cativo).

O design do Mobi é bonito, mas não inova como em outros projetos da marca (olha a Toro aí de novo). Aparentemente o novo compacto seguiu algumas referências visuais de alguns carros. A dianteira passa imponência muito pela inspiração no Freemont. Destaque para as lanternas, que se estendem pelos lados, e para a grade. A lateral veio do Uno, enquanto a traseira mistura um pouco do Up (europeu), pela tampa única do porta-malas de vidro (modernidade ou corte de gastos?), com o Jac J2, pelo formato das lanternas.

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Dianteira é o ponto alto do visual do Mobi

O conjunto ficou legal, especialmente a frente, mas não arranca suspiros. Atrás, as linhas não me agradaram tanto assim. O que me preocupa é se o design do Mobi não vai ficar datado muito rápido, o que exigiria uma atualização antes do tempo previsto.

Por dentro, o painel do novo ítalo-mineiro é uma cópia quase perfeita do Uno, o que me deixou bastante decepcionado. A estratégia da Fiat não é nova e já foi usada por várias fabricantes, como a Chevrolet: aproveitar itens e componentes de vários carros para tornar a produção mais barata. Concordo com isso, mas tornar o painel praticamente idêntico ao do irmão maior (!) é meio frustrante.

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Traseira do Fiat Mobi não me agradou tanto

Ainda no painel, o quadro de instrumentos com iluminação a LED e display de 3,5 polegadas permite boa visualização das informações, como o nível do tanque de combustível e temperatura do líquido de arrefecimento do motor. O pequeno possui ainda indicação para a troca de marcha (Shift Up/Down), instruindo o motorista para uma condução mais econômica. Simultaneamente, mostra hora, hodômetros parcial e total, além da indicação do nível de combustível e temperatura do motor. E pode ser equipado com conta-giros e computador de bordo – itens que deveriam ser de série, uma vez que a Fiat se agarra no “slogan” de ser uma “empresa tecnológica”.

Esse “slogan” é valorizado pela marca quando ela diz que quer “democratizar o uso da tecnologia”, uma vez que o Mobi vem equipado, de série, com ESS (sinalização de parada de emergência), que, em caso de frenagem brusca, liga automaticamente o pisca-alerta para alertar o motorista que vai atrás, juntamente com as luzes de freio tradicionais; e com o Lane Change – com apenas um leve toque na alavanca da seta, as luzes de direção piscam por cinco vezes, dando mais segurança em mudanças rápidas de faixa. Ambos os itens equipam todas as versões do Mobi que saem da linha de montagem de Betim (MG).

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Painel do Fiat Mobi é uma cópia do painel do Uno. Na foto: Mobi Like On

ESS e Lan Change são bem vindos, mas, “democratizar o uso da tecnologia” seria equipar o Mobi com Hill Holder (útil para um veículo com proposta urbana), sensores de tração, estabilidade, crepuscular, de chuva, de pressão dos pneus, star/stop, ajustes de altura e profundidade do volante (de série), seis airbags, freio a disco nas quatro rodas, motor moderno, câmbio automático CVT ou com mais de seis marchas – e outras nem tão tecnológicas assim, como apoios de cabeça dianteiros reguláveis em altura e cinto de três pontos e apoio de cabeça para o passageiro central do banco traseiro.

De qualquer forma, também estão disponíveis para o Mobi visor multifuncional de TFT (quando equipado com o Fiat Live On – mais sobre isso logo abaixo) no quadro de instrumentos, computador de bordo e sensor de estacionamento traseiro, além de retrovisores externos elétricos com repetidor lateral de direção e função Tilt Down para auxiliar nas manobras de estacionamento (ao engatar a ré ele reposiciona o espelho retrovisor direito para melhor visualização de obstáculos).

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Aplicativos do Fiat Live On

Qual é o diferencial do Mobi?

Mas, segundo a Fiat, o principal destaque do seu novo compacto são os sistemas de som. A partir das versões Like, o consumidor tem duas opções, sempre com comandos no volante e conexões Bluetooth: o rádio B7 com entradas USB e auxiliar, também usado no Uno e no Jeep Renegade, e o inédito Fiat Live On – disponível apenas a partir de junho de 2016.

Com ele, o celular é fixado no meio do painel (mas o aparelho também pode ficar em algum porta-objetos ou bolsa, por exemplo), e se torna o display do carro. A integração é feita por meio de um aplicativo específico. O objetivo é controlar com facilidade – por uma tela inicial própria, com atalhos, e por meio dos comandos no volante – o rádio e outros recursos do celular, como navegação, músicas e estações de rádio pela internet.

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Fiat Live On tem Waze como opção de GPS

Na metade superior da tela inicial, o Live On apresenta hora, data e temperatura externa. Logo abaixo ficam as informações do Eco Drive (analisa se o motorista está dirigindo de forma econômica), uma função própria do sistema, assim como o Car Parking (ajuda a lembrar onde o carro foi estacionado, além de informar sobre restrições de trânsito, como o rodízio de placas em São Paulo).

Versões, preços e equipamentos do Fiat Mobi

Fiat Mobi Easy – R$ 31.900: banco traseiro bipartido, para-choques pintados na cor da carroceria, Lane Change, ESS, rodas de 13 polegadas com calotas, retrovisores com comando interno, para-sol com espelho para o passageiro, airbag duplo e freios ABS. Como opcionais há ar quente (R$ 490) e o pacote Functional (R$ 1.800), composto por vidros dianteiros e travas elétricas, limpador e desembaçador do vidro traseiro e predisposição do rádio.

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Lateral do Mobi é parecida com o Uno. Na foto: versão Easy-On

Fiat Mobi Easy On – R$ 35.800: Easy + ar-condicionado, direção hidráulica e volante com regulagem de altura, além do estilo das rodas de 14 polegadas. Esta versão não possui opcionais.

Fiat Mobi Like – R$ 37.900: Easy On + vidros e travas elétricas, predisposição de rádio, computador de bordo, chave telecomando, console central longo com porta copos para os passageiros do banco traseiro, limpador e desembaçador traseiro, cintos de segurança dianteiros ajustáveis em altura, maçanetas e retrovisores externos pintados na cor da carroceria, grade dianteira pintada em preto brilhante, comandos internos para abertura do bocal de combustível e do porta-malas, revestimento do porta-malas e Cargo Box. Os opcionais são os dois sistemas de som, rádio B7 (R$ 2.100) e o Fiat Live On, ambos acompanhados de alarme e comandos no volante.

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Fiat Mobi Like On

Fiat Mobi Like On – R$ 42.300: Like + rodas de liga leve de 14 polegadas, faróis de neblina, banco do motorista com regulagem de altura, retrovisores elétricos com Tilt Down e repetidores de direção, kit Comfort (apoio para o pé esquerdo do motorista, porta-óculos e alças de segurança), sensores de estacionamento, tecidos diferenciados em duas cores com costuras brancas, alarme e rádio B7 com comandos no volante. Não há opcionais.

Fiat Mobi Way – R$ 39.300: Like + barras longitudinais de teto, para-choques exclusivos e as molduras nas caixas das rodas, que são de 14 polegadas, além das suspensões mais elevadas. Os opcionais são os dois sistemas de som, rádio B7 e o Live On, ambos acompanhados de alarme e comandos no volante.

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Fiat Mobi Way On 2017

Fiat Mobi Way On – R$ 43.800: Way + Like On + rodas de liga leve de 14 polegadas com desenho próprio e o console de teto com porta-objetos e espelho adicional.

Entre os opcionais, o que mais chama a atenção é o Cargo Box, uma caixa organizadora para o pequeno porta-malas do veículo (215/235 litros, dependendo da posição do encosto do banco traseiro, que é bipartido). Ela pode ficar lá o tempo todo, ou pode ser retirada a qualquer momento. Assim, o consumidor pode levar as compras do supermercado diretamente para casa, por exemplo. Item de série já a partir da versão Like, ela pode ser adquirida como acessório Mopar no caso das configurações Easy e Easy On.

FiatMobiPalio FireUno Vivace“Novo” Uno
Motor1.0 8V flex1.0 8V flex1.0 8V flex1.0 8V flex
Potência (cv)73/7573/7573/7573/75
Torque (mkgf)9,5/9,99,5/9,99,5/9,99,5/9,9
Comprimento (m)3,5663,8273,7703,810
Largura (m)1,6331,6341,6361,636
Altura (m)1,5021,4331,4801,480
Entre-eixos (m)2,3052,3732,3762,376
Tanque (l)47484848
Porta-malas (l)215/235290280/290280/290
Peso (kg)907 a 966935/967909 a 920955 a 980
Preço entrada 4pR$ 31.900R$ 31.670R$ 32.310R$ 38.990

Motor novo?

Se a frustração pela semelhança visual existe, o mesmo pode se dizer da escolha da Fiat pela motorização do Mobi. O compacto conta com o super confiável, mas ultrapassado, motor 1.0 8V Fire Flex EVO, que desenvolve os mesmos 73 cv de potência e 9,5 mkgf de torque com gasolina e 75 cv e 9,9 mkgf com etanol.

Quem apostava no novíssimo 1.0 6V de três cilindros deverá esperar até 2017. Pelo menos o Mobi apresenta números de consumo de combustível aceitáveis: com gasolina, 9,2 km/l na cidade e 13,3 km/l na estrada; e, com etanol, passando para 8,4 km/l e 11,9 km/l, de acordo com o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular, do Inmetro. Confesso que esperava números mais expressivos, ainda mais se levarmos em consideração o baixo peso do Mobi (ligeiramente mais pesado do que o Uno Vivace), mas entendo a limitações do motor 1.0 de quatro cilindros da Fiat e de algumas outras soluções adotadas, como a ultrapassada (e também confiável) direção hidráulica ao invés de elétrica.

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Fiat Mobi Way 2017

O Fiat Mobi já chega como linha 2017 e tem 3 anos de garantia de fábrica, Suas vendas começam hoje em todo o Brasil

Resumo da obra

O Fiat Mobi não inovou em absolutamente nada – o Fiat Live On é interessante, mas não causa impacto. Seu motor é ultrapassado (e confiável); seu painel é a cópia do Uno; suas linhas são bonitas, mas sem muito destaque (em especial a traseira) e sua faixa de preço ficou acima do esperado por boa parte do mercado – o tão sonhado “carro novo por menos de R$ 30.000”. Pagar praticamente R$ 32.000 num carro 0 km sem limpador e lavador do vidro traseiro me incomoda muito.

Por outro lado, o Mobi atende bem à proposta quase que exclusivamente urbana a que ele se propõe. Seu tamanho é interessante para as cidades, seu espaço é bem limitado atrás e com algum conforto na frente (embora o banco do motorista não seja muito confortável, provavelmente cansando mais do que deveria em viagens longas), enquanto o porta-malas é suficiente para as compras do supermercado.

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Fiat Mobi Like 2017

A maior aposta da italiana está no seu DNA de fazer carros pequenos excelentes (desde o Uno). Por isso, diferente do comportamento da Fiat das últimas décadas, ela preferiu fazer um veículo mais conservador, mas unindo vários pontos que dão certo em outros carros da companhia – tudo para substituir o Uno Vivace, que parou no tempo, e o veteraníssimo e ótimo Palio Fire, que continuará conosco por mais algum tempo.

Se o Mobi dará certo, com certeza dará. Mas ele precisará de algumas correções de rumo nos próximos anos para continuar “por cima”, especialmente em motorização.

Comentários

  • Adriano disse:

    A FIAT ao longo dos anos se destacou por inovar em alguns segmentos e consequentemente foi sucesso de críticas e principalmente de vendas. Porém, o tempo passou, as opiniões, o mercado, as preferências, a tecnologia e os concorrentes mudaram! E graças a um mercado irracional, desfrutou das primeiras posições e se acomodou fazendo apenas “gambiarras” em seus modelos ultrapassados! A FIAT no Brasil nada mais é que uma montadora popular, que tenta ao longo dos anos passar uma imagem de status para os seus carros. Talvez com a TORO, ela consiga subir um degrau (ou dois!!), no que se diz respeito a respeito. Mas, com este “novo” MOBI, sinceramente não acredito que irá vingar, sendo mais um mero e obsoleto modelo da FIAT.

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