Parece próximo de ser anunciada a estratégia governamental para estimular o uso de veículos híbridos e elétricos. Tudo indica que o imposto federal IPI poderá zerar e na cidade de São Paulo haveria um desconto de 50% na alíquota do IPVA, ou seja, o município abriria mão dos 50% que lhe cabem nesse tributo estadual. Sem dúvida é condição necessária, mas não suficiente, para impulsionar essas tecnologias no Brasil.
No caso específico dos carros híbridos que utilizam dois motores (a combustão e elétrico) o caminho é bem menos difícil. Seu preço menor, a inexistência do problema de baixa autonomia e de ansiedade por não encontrar um local de abastecimento abrem possibilidade de aceitação maior que os elétricos puros. No nosso caso ainda é possível ter o motor a combustão flexível em combustível (etanol e/ou gasolina), o que reduziria bastante as emissões de CO2. A produção mundial de híbridos, atualmente mais de 30 vezes superior frente aos elétricos, também indica que essa solução intermediária vai prosperar.
Uma das possibilidades estudadas na capital paulista é o subsídio direto aos compradores, a exemplo do que ocorre no exterior. Trata-se de iniciativa complicada por aumentar os gastos públicos e deixar margem aos críticos fáceis de plantão ao transporte individual nos grandes centros. Mais palatável seria, por exemplo, liberar as vagas de estacionamento rotativo e dispensá-los do rodízio, uma má ideia imposta aos paulistanos pelo alcance limitado e que aumentou a poluição ao agregar carros mais antigos e poluentes como alternativa legítima.
Quanto aos elétricos há ainda sérias dúvidas sobre o que deve ocorrer. Em artigo recente à parte da Alta Roda, esse colunista chamou a atenção sobre um possível impasse a prejudicar seu avanço. Parte dos interessados acredita que as baterias terão resolvidos os empecilhos de autonomia, tempo de recarga, peso/volume e reciclagem. Outros apostam que as pilhas a hidrogênio e uma futura rede mundial de abastecimento seriam mais viáveis.
O maior fabricante de automóveis do mundo, a Toyota, acaba de anunciar oficialmente que abriu mão de 20 anos de pesquisas sobre baterias. Sua aposta agora é nas pilhas a hidrogênio, capazes de gerar eletricidade a bordo. Admitiu que baterias têm mesmo alcance limitado e as pilhas, mais baratas e eficientes from well to wheel (ciclo energético fechado). Começará a produzir veículos desse tipo já em 2015, porém reconhece a necessidade de um grande esforço conjunto das próprias fábricas, das distribuidoras de combustíveis e dos governos para montar a rede de abastecimento.
Para dar exemplo, a japonesa desenvolveu uma estação móvel de hidrogênio ao custo de US$ 2 milhões/R$ 4,4 milhões, cerca de metade de um posto fixo desse gás. Calcula que precisará de 68 instalações para cada 10.000 carros com pilhas a hidrogênio para evitar a ansiedade.
Interessante é que pouco antes de anunciada essa decisão, uma empresa japonesa especializada em baterias disse que planeja fabricar uma unidade de duplo carbono capaz de recarregar 20 vezes mais rápido que uma convencional de íons de lítio. Essas promessas já foram feitas anteriormente e a espera acabou por cansar.
RODA VIVA
INFORMAÇÕES não oficiais indicam início de produção nacional do Versa (o sedã do March) em outubro próximo e vendas no mês seguinte. Por outro lado, fornecedores não estariam mais entregando peças para fabricação do Livina. Tanto pode significar estoques altos demais, como sinalização para importar o Note do México, seu substituto no futuro.
PEUGEOT lançou crossover francês 3008 2015 com retoques na dianteira para se integrar à nova identificação da marca e mais equipamentos. Além de navegador GPS, o sistema de projeção de informações no para-brisa agora é colorido. Decidiu oferecer versão única– Griffe – por R$ 99.990 e se manter simbolicamente abaixo da linha de R$ 100.000.
ANTECIPAR 2015 é recurso de marketing cada vez mais evidente, em mercado de vendas cadentes. Citroën anunciou mudança de ano-modelo da linha C3, praticamente sem alterações visuais. Readequou o nome de algumas versões, adicionou equipamentos sem repasse ao preço e acrescentou câmbio automático à versão intermediária Tendance.
PALIO Fire, apesar de bem aceito, tem preço de entrada artificialmente baixo. Na versão duas-portas parte de R$ 24.730, mas equipamentos importantes como cintos de três pontos retráteis nas extremidades do banco traseiros, dois encostos de cabeça e desembaçador/limpador do vidro traseiro são opcionais. Essa estratégia mina os esforços de melhorar a segurança.
ADIADA pela quinta vez a aplicação compulsória de rastreadores em todos os veículos. Denatran postergou para julho de 2016 o uso desse equipamento que, quando muito, deveria ser opcional. Além não ter comprovado em testes seu bom funcionamento, tornou-se um assunto que beira o surrealismo. Quem ainda acredita que essa inutilidade um dia chegará de fato?