Fiat, Hyundai, Renault e Peugeot precisam se preocupar?

Enquanto eu analisava os emplacamentos dos dois primeiros meses de 2011 dos hatches Focus e Tiida, observei alguns números de outros modelos. Avaliando o mercado com mais calma, perguntei a mim mesmo: será que Fiat, Hyundai, Renault e Peugeot precisam se preocupar? Explico.

Fiat Bravo

Ainda é cedo para afirmar. O justo seria esperar, pelo menos, mais 3 meses. Mas o fato é que, até agora, o Fiat Bravo não engrenou. As vendas estão consideravelmente abaixo do potencial do veículo. Tudo bem que seu câmbio manual automatizado Dualogic não é lá essas coisas; e que seu espaço interno (especialmente atrás) é meio apertado; e que a bela tela de 6,5″ não é sensível ao toque. Mas o carro tem muito mais qualidades do que defeitos, a começar pelo visual, bonito e moderno; pelo acabamento bem feito, ótimo porta-malas (400 litros) e pela boa oferta de equipamentos. O motor 1.8 16V E.TorQ demora um pouco para se animar, mas leva o hatch de forma honesta.

Apresentado no final de outubro, durante o Salão do Automóvel de São Paulo (leia mais aqui e aqui) do ano passado, o Fiat Bravo foi responsável por 259 emplacamentos em dezembro de 2010, 527 em janeiro e 700 unidades emplacadas em fevereiro de 2011. O número subiu, mas já poderia estar mais alto. Será que a fraca propaganda dele na TV está atrapalhando? Bem que a criativa Fiat poderia ter feiro algo melhor. Pelo menos a chegada da versão T-Jet também deve ajudar um pouco.

Estado de preocupação: amarelo, mas ainda com tranquilidade.

Hyundai i30 CW

Apostar no segmento de peruas médias foi ousado e contra a atual tendência do mercado. Mas a Hyundai não se importou e lançou a perua i30 CW no Brasil embalada pelo sucesso do hatch médio i30. Resultado? Vendas baixas. Foram 579 unidades emplacadas em 2010. Já em 2011, os números melhoraram um pouco (comparando 2010 e 2011, o crescimento foi muito forte), mas ainda está bem ruim: 562 carros vendidos, sendo 255 em janeiro e 307 em fevereiro. Até a jurássica Volkswagen Parati (um ex-carro em atividade) vendeu mais em 2011 – 789 unidades.

Cabe a Hyundai ficar mais atenda. A marca poderia diminuir seu foco em propagandas polêmicas para valorizar as qualidades de seus veículos. Reduzir o preço da sua perua média, que tem porta-malas com capacidade para 415 litros, também poderia ajudar os coreanos, assim como finalmente disponibilizar o motor 2.0 16V flex para a família i30.

Estado de preocupação: amarelo, mas com preocupação iminente.

 

Renault Symbol

Em 2009, de março (mês de lançamento) a dezembro, foram vendidas 6.442 unidades do Symbol (média de 644 carros por mês), sedã compacto premium da Renault. Em 2010, a média subiu para 699 unidades por mês com 8.391 carros vendidos no ano. Em 2011, somando janeiro (658) e fevereiro (548), a média está em 603 unidades – 1.206 carros vendidos ao todo.

O Symbol tem potencial para mais. Seu problema é ficar sempre escondido. Nunca vi nenhum tipo de campanha mais agressiva envolvendo o carro. Por causa da estratégia de marketing, fico com a impressão da Renault só vender três modelos no Brasil: Clio, Sandero e Logan (não por acaso os mais comercializados da marca no país). O Symbol é bem equipado, com acabamento honesto, excelente porta-malas, motor 1.6 16V flex com bom desempenho e preço atrativo. Seu maior defeito é o espaço interno, o mesmo do apostando Clio Sedan. O finado sedã realmente ainda assombra o Symbol, que sofre também com a falta de personalidade estética e de simpatia do público – embora ele seja mais bonito e carismático do que o Clio Sedan.

Acredito que uma ligeira redução de preços, acompanhada de uma estratégia de marketing mais agressiva e a opção de câmbio automático fariam muito bem ao Symbol.

Estado de preocupação: amarelo, mas com preocupação iminente.

Peugeot Hoggar 

Apanhar da obsoleta picape Ford Courier é um fato para poucos. Não chega a ser um vexame completo porque a Courier é um modelo “pau pra toda obra”, mas não deixa de ser vergonhoso para a picapinha da Peugeot. Em 2010, a Hoggar vendeu 4.141 unidades, com emplacamentos acontecendo desde de fevereiro, mas seu lançamento oficial sendo realizado apenas no final de abril de 2010. Então, eliminando os três meses “off”, de maio a dezembro, a média de vendas da Hoggar foi de 503 unidades. Em 2011, a média está em 391 unidades, dividindo a soma de janeiro (313) e fevereiro (470). A Courier fechou tem médias de 609 unidades e 581 unidades, em 2010 e 2011, respectivamente.

Qual é o grande problema da Peugeot Hoggar no mercado nacional? São quatro na verdade: preço, Montana, Saveiro e, principalmente, Strada. Os concorrentes são mais atrativos em termos visuais e em versatilidade de mercado. A picape Montana foi recentemente remodelada e só é oferecida com duas versões de acabamento, ambas 1.4 8V Econo.Flex: LS e Sport. A média em 2010 (ano de transição da velha para a noda Montana) foi de 3.055 unidades vendidas, contra 2.990 de 2011. Quando a Chevrolet preencher o buraco de R$ 12.194 entre os dois acabamentos, a Montana terá grande potencial para aumentar suas vendas, dificultando ainda mais a vida da Hoggar.

Depois de um início morno, a Saveiro encontrou o seu caminho e, com a versão Cross, conseguiu oferecer uma linha mais completa ao consumidor. Resultado: média de 5.182 unidades em 2010, assegurando definitivamente a segunda posição do segmento. Em 2011, a média está em 5.135 unidades vendidas (janeiro + fevereiro). A picape pequena da Volkswagen é vendida com uma opção de motor (1.6 8V VHT flex), três versões de acabamento (1.6, Trooper e Cross) e duas opções de cabine: simples e estendida.

A Strada deve ser o último membro da família Palio a receber a nova geração, atrás, respectivamente, de Palio, Siena e Palio Weekend. Isso porque a picape da Fiat é um sucesso absoluto de vendas! É realmente de impressionar a média de vendas do modelo: 7.498 unidades em 2009, 9.734 unidades em 2010 e 8.737 unidades em 2011 (depois de 2 meses). Parte do segredo está na vasta oferta do modelo, que tem cinco versões (Fire, Working, Trekking, Sporting e Adventure), três variações de cabine (simples, estendida e dupla) e três opções de motor: 1.4 8V Fire Flex, 1.6 16V e 1.8 16V E.TorQ – sem esquecer do bloqueio eletrônico de diferencial Locker. Se a média continuar a mesma com a chegada da nova Strada, os concorrentes continuaram comendo poeira.

O que a Peugeot pode fazer então para ter sucesso com a picape Hoggar? Dou três sugestões: nova política de preços, nova versão e a opção de câmbio automático com trocas sequencias. Teríamos:

. Peugeot Hoggar X-Line 1.4 – R$ 29.500 (preço atual sugerido de R$ 31.400)
. Peugeot Hoggar XR 1.4 – R$ 32.500 (preço atual sugerido de R$ 35.350)
. Peugeot Hoggar XR 1.6 – Nova versão por R$ 35.900
. Peugeot Hoggar XR 1.6 automático – Nova versão com câmbio automático por R$ 39.900
. Peugeot Hoggar Escapade 1.6 – R$ 39.500 (preço atual sugerido de R$ 43.500)
. Peugeot Hoggar Escapade 1.6 automático – Nova opção por R$ 42.900

O câmbio automático seria uma aposta bem ousada da Peugeot para diferenciar seu modelo dos concorrentes.

Estado de preocupação: vermelho… alguém me ajude! 

(Fotos: Fiat/Divulgação, Hyundai/Divulgação, Renault/Divulgação e Peugeot/Divulgação)

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