Edsel de 1958 |
A revista Super Interessante de julho trouxe uma matéria bastante interessante, que fala sobre os maiores desastres de marketing e produto da história. Lógico que o mundo automobilístico entrou na jogada. O prêmio de “maior fiasco sobre rodas” foi para o Ford Edsel. Resolvi pesquisar a história mais a fundo e encontrei muitas coisas curiosas.
Mas antes de explicar o fiasco, vamos falar um pouco do Edsel como carro em si. Ele foi um sedã com carroceria característica típica da época. Entre 1957 e 1960, ele foi vendido com duas e quatro portas e teto rígido; duas portas conversível; e duas e quatro portas perua (para seis e nove passageiros). Debaixo do capô, sempre motorzões: V8 5.9 de 303 cv e V8 6.7 de 345 cv em 1958; (econômico) seis cilindros 3.6 de 145 cv, V8 4.8 de 200 cv, V8 5.4 de 225 cv e V8 5.9 de 303 cv em 1959; seis cilindros 3.6 de 145 cv, V8 de 185 cv e V8 de 300 cv em 1960.
Edsel de 1959 |
A história do veículo é inusitada. No final da década de 1950, aparentemente a Ford achou que para promover um novo lançamento, inédito no mercado, bastava criar uma enorme expectativa em torno do veículo, com outdoors e “teasers” com dizeres do tipo “o Edsel está chegando” e “nunca um carro como o Edsel apareceu”. A ideia era promover o novo “carro do futuro”. Numa ousada estratégia, a montadora norte-americana não fez pesquisas com clientes para fechar o visual do automóvel e confiou no seu próprio “feeling automotivo”, o que foi considerado um dos grandes erros do projeto. A verdade era o Edsel não era “do futuro” e tinha várias partes e componentes de outros veículos da Ford da época.
Edsel de 1959 |
O dia 4 de setembro de 1957 ficou conhecido como “E-Day”, por causa da chegada do Edsel às concessionárias. Mas o retorno não foi nada bom, e o modelo ganhou diversos apelidos, como “vagina com dentes”, “trator chupando limão” e “vaso sanitário”, todos criados especialmente por causa da dianteira do veículo, considerada horrorosa. E esse nome estranho, que também não caiu no gosto dos americanos, veio de onde? Ele foi uma homenagem ao filho do fundador da Ford, chamado de Edsel Ford.
A Ford ainda tentou algo que, se não me engano, foi inédito para a época: no dia 13 de outubro, ela comprou uma hora inteira de um programa no canal de TV CBS nos Estados Unidos, única e exclusivamente para promover o Edsel. O “The Edsel Show” foi apresentado por Bing Crosby e teve alguns convidados de peso (para a época e até hoje), como Frank Sinatra, Rosemary Clooney, Luis Armstrong e Lindsay Crosby, que fez uma apresentação com os Four Preps. O programa recebeu ainda um convidado secreto que, no final das contas, era Bob Hope. O mais interessante foi que o “The Edsel Show” substituiu um dos mais importantes programas da grade de domingo da CBS, o “Ed Sullivan Show”. Mas o sucesso do programa não se transferiu para o carro, que continuou com vendas pífias.
Ed Sullivan Show
Em 1958, foram vendidos 63.110 Edsels nos EUA e 4.935 no Canadá. Em 1959, as vendas pioraram, com 44.891 unidades na terra do Tio Sam e 2.505 veículos no país vizinho, de língua francesa e inglesa. Em 1960, último ano do Edsel no mercado, foram produzidos apenas 2.846 carros.
Segundo a Super Interessante, a Ford pretendia vender cerca de 200.000 unidades do modelo por ano. Mas, vender apenas 118.287 unidades em três anos, somados dois países, é muito pouco, ainda mais levando em consideração o monstruoso investimento de US$ 400 milhões no desenvolvimento do modelo (talvez o maior erro do projeto todos). Ainda de acordo com a publicação, o prejuízo estivado com o Edsel foi de aproximadamente US$ 2,25 bilhões.