Renault Mégane. Sempre que estive com o carro, ele me chamou a atenção pelo espaço, boa posição de dirigir e acabamento. O visual também me agrada (até hoje), assim como o desempenho da versão com motor 2.0 16V (o 1.6 16V “dá apenas para o gasto”). Com os (poucos) donos que tive a oportunidade de conversar sobre o sedã francês, só ouvi elogios. Mas então fica a dúvida: por que o Mégane não vende?
Entenda um pouco o mercado de sedãs médios. O Civic é o líder absoluto da categoria, com 67.705 unidades vendidas em 2008 e 17.626 carros comercializados nos primeiros quatro meses de 2009. O segundo colocado, que as vezes incomoda o líder, é o Toyota Corolla, responsável por 45.642 unidades em 2008 e 14.999 na soma de janeiro, fevereiro, março e abril de 2009.
O Mégane fechou 2008 em quinto lugar do ranking, com 8.932 unidades vendidas, atrás também de Chevrolet Vectra e Citroën C4 Pallas. Em 2009, o sedã da Renault está em 11º, com apenas 1.374 carros emplacados. Na frente dele estão os quatro acima já citados, além de Linea, Sentra, Focus Sedan, Bora, 307 Sedan e até mesmo o Jetta, que é mais caro (e carro).
No melhor mês de Mégane em 2008, foram emplacados 960 carros (setembro) e, em 2009, 502 unidades (janeiro). Veja o comparativo com os sedãs da Honda e da Toyota: foram vendidos 6.798 Civics em dezembro de 2008 e 5.124 em janeiro de 2009; já o Corolla foi responsável por 6.173 carros em dezembro e 5.094 unidades em março de 2009.
Mas o que fazer??
Chega de números. O que a Renault pode fazer então para alavancar as vendas do Mègane? O modelo já deveria ter motor 2.0 16V flex há muito tempo. Além de possibilitar ao dono escolher entre álcool, gasolina ou a mistura dos dois combustíveis, o fato dele ser flex acaba valorizando o modelo na revenda – no atual cenário de veículos semi-novos no Brasil. E vale lembrar que a maioria dos os concorrentes já tem propulsores bicombustível.
Outra coisa que ajuda, mas apenas temporariamente, são as séries especiais limitadas, como a Extreme . Muitas pessoas gostam de o carro com visual mais exclusivo. Outras gostam de tuning. Assim, essa versão do Mégane, especialmente com motor 2.0 16V, acaba sendo mais interessante. As séries especiais acabam atraindo a atenção da imprensa e, por consequência, do público.
Outra coisa é trabalhar melhor a venda do carro, o que a Renault vem errando desde o início. Ao lançar um carro, você deve colocar no mercado, primeiro, a versão topo de linha (e uma intermediária, por exemplo), para abalar um pouco mais o lançamento. Veja o Vectra, que chegou nas versões Elite 2.4 e Elegance 2.0, com a Expression vindo depois. O mesmo com o Linea, que veio com a Absolute e a T-Jet, ganhando agora o acabamento LX. Além disso, o modelo precisa ter o motor mais potente disponível logo de cara, o que não aconteceu com o Mégane, que chegou primeiro com o 1.6 16V. E aquela propaganda do “tiozão” entrando no Mégane foi um tiro no pé (tão feio que a Nissan usou a trilha sonora do The Uncles no lançamento do Sentra – “não tem cara de tiozão…”).
Reprodução da internet/revistaautoesporte.com.br – 22/05/09 |
Outra alternativa bastante bem-vinda, que a Chevrolet fez recentemente com o Vectra, é dar um “tapa no visual” do modelo. Veja, na projeção acima, da revista Auto Esporte, como deve ficar o nosso Mégane no ano que vem. Goste ou não, a reestilização, na maioria das vezes, deixa o veículo com aspecto de novo.
Então, se a Renault reestilizasse o Mégane, adotando também o motor 2.0 16V flex, e deixasse o modelo um pouco mais barato e ainda mais equipado, valorizando tudo isso e as outras qualidades do carro numa publicidade correta e certeira, provavelmente o modelo venderia mais – talvez até o dobro, já que o sedã não é ruim.
Correndo por fora
Falando ainda do Mégane, parece que o lançamento da versão hatch está congelado. Mas devemos ter novas informações ainda em 2009. Pela fotos do modelo, gostaria muito que ele fosse lançado no Brasil. Ele teria tudo para ser o primeito Mégane com sucesso de vendas no país.