Clima de recuperação econômica na Europa, ainda que bem modesta, reflete-se no Salão do Automóvel de Genebra que continua até o próximo domingo. Não há um grande destaque, enquanto o público volta a crescer. Os supercarros se exibem sem pudor, mas mesmo nessa categoria o avanço dos híbridos fica evidente. Inclusive no Honda NSX (inspirado nos conceitos de Ayrton Senna) que dispõe de dois motores elétricos dianteiros e um traseiro e ainda não tem data de estreia. Certamente chegará ao Brasil mesmo com dólar alto.
Ferrari também aprofunda sua opção pelo turbocompressor no novo 488 GTB (substituto do 458 Italia) visando a baixar consumo e CO2. Afinal, concorrentes de preço mais baixo como a estreante segunda geração do Audi R8 (610 cv e 50 kg mais leve) sempre acabam beliscando alguns clientes e ninguém pode ficar parado. Enquanto Bugatti Veyron se despede do mercado com a versão La Finale, Bentley EXP 10 Speed 6 mostra o caminho dos cupês de dois lugares da marca inglesa do Grupo VW. Esta por sua vez exibe o sucessor do CC (cupê de quatro portas) que batizou de Sport Coupé. Ele se baseia na arquitetura superflexível MQB do Golf e também estará nos futuros Polo e Passat.
Nota-se que modelos médios-compactos com potência acima de 300 cv já voltam ao radar dos consumidores. Em Genebra dois chamam atenção: Honda Civic Type R (foto acima) – turbo 2 L, 310 cv – e Ford Focus RS – turbo 2,3 L, 320 cv. O japonês tem tração dianteira, enquanto a tração integral com até 70% direcionada para as rodas traseiras está presente no Focus, que inova com a opção de controle de derrapagem conhecida como “drift” que atrai fãs ao redor do mundo.
Land Rover foi além de simplesmente reestilizar meia geração do Range Rover Evoque. Apresenta primeira versão conversível de um SUV, no caso o Evoque. Mercado é muito restrito, embora traga prestígio em países de alto poder aquisitivo e apreciadores ao máximo dos dias ensolarados. Grupo PSA Peugeot Citroën montou um estande separado pela primeira vez para sua marca de prestígio, reafirmando a independência da marca DS.
Renault, com o novo SUV médio-compacto Kadjar, tem ambições internacionais. Graças ao euro em forte queda (melhora a competitividade da Eurozona, inclusive da Itália) sua exportação ao Brasil passa a ser viável. Duster com leves retoques visuais antecipa em Genebra a versão nacional 2016 no fim deste mês.
Compacto Sway, ainda em forma de carro-conceito, demonstra que a Nissan vira a página em termos de estilo. Modelos de baixo apelo visual, como foram Tiida e Livina, não se repetirão. No seu estande, portanto, está o futuro Micra (aqui, March, lá para 2017). Basta retirar alguns rasgos de ousadia que sempre aparecem para revelar sem mostrar tudo e não entregar cedo demais as linhas definitivas.
Tucson novo, aliás cada vez mais marcante em estilo, sucede o atual ix35 e o nome poderá ser aquele em todo o mundo. Grupo Hyundai-CAOA tratou logo de desmentir sua chegada ou fabricação em Anápolis (GO). No entanto, condições de concorrência no Brasil são cada vez mais duras e veículos defasados tendem a diminuir de importância, apesar do fator preço.
BMW Série 1 também evoluiu em estilo e quando for produzido aqui, no segundo semestre, vai agradar bastante.
RODA VIVA
TOMBO, realmente, forte nas vendas de fevereiro: primeiro bimestre 23% inferior ao mesmo período de 2014. Estoques, pelo novo critério da Anfavea que calcula o número de dias dentro de realidade ampliada, atingiu 50 dias. Significa mais de 40% acima do considerado normal (35 dias). Em março, a entidade vai rever para baixo previsões para 2015.
PARTE desses números bem negativos deve-se ao Carnaval no início de fevereiro (ano passado, em março). Se calculado em número de dias úteis, as vendas em fevereiro deste ano foram piores 14% contra 2014 e não 28% quando se compara diretamente mês a mês. Preocupa ainda o nível de emprego 10% menor em relação a fevereiro de 2014.
ALGUMAS regiões do interior de São Paulo começarão a revelar primeiras concessionárias, digamos, “geminadas” do Grupo PSA. Em certas cidades um só aglomerado assumirá vendas de Peugeot e Citroën, dependendo de qual marca prepondere. Embora oficinas sejam unificadas, salões de exposição continuarão completamente separados, mesmo um ao lado do outro.
LAND ROVER Discovery Sport, ainda importado nos próximos 18 meses, tem preço definido que será referência para modelo idêntico produzido em Itatiaia (RJ). Partirá de R$ 179.900, em abril, e ao longo do tempo sofrerá correções. SUVs tiveram pequena queda de participação no mercado total este ano, mas será revertida logo com lançamentos.
ANTECIPAÇÕES de ano-modelo geram mais distorções. Um dos maiores imbróglios está no programa de etiquetagem de consumo de combustível: colabora para confundir o consumidor. No mesmo ano-calendário poderão ser vendidos veículos de três anos-modelo. Salvo identificação de “novo”, “new”, “plus”, todos terão a mesma etiqueta e os mesmos dados. Absurdo.