Recentemente, o presidente da General Motors no Brasil, Santiago Chamorro, anunciou (na TV e em outros meios) uma campanha de varejo na qual a companhia oferece até hoje, dia 2 de junho 2014 (a data original era 31 de maio), a possibilidade de todos os consumidores comprarem carros da Chevrolet com os mesmos descontos oferecidos aos funcionários da empresa. Foi uma sacada muito boa, se não fosse um detalhe: ela demonstra como os carros da Chevrolet estão caros no Brasil.
Vejam o caso do Chevrolet Cruze LT 1.8. Completo, com o pacote R7D (que incluí câmbio automático de seis marchas), a versão de entrada do sedã GM tem preço sugerido de R$ 77.796, valor superior às versões topo de linha do Nissan Sentra (SL) e intermediária do Honda Civic (LXR) – ambas com motor 2.0 16V e com transmissão automática.
Com a promoção, o preço cai para competitivos R$ 67.990. Do meu ponto de vista, esse deveria ser o preço original do Cruze LT automático, levando em consideração que o carro é 1.8 e os principais concorrentes são 2.0. Desse modo, o sedã da General Motors trombaria de frente com o Civic LXS 1.8, o superando em equipamentos e tecnologia do câmbio.
Chevrolet Cruze LT 1.8
Chevrolet Cruze LT 1.8 (R7D) | |
Preço público sugerido | R$ 77.796 |
Desconto de varejo na concessionária | R$ 7.806 |
Desconto funcionário Chevrolet | R$ 2.000 |
Preço promocional | R$ 67.990 |
O Chevrolet Cruze LT 1.8, com o pacote R7D, tem como principais equipamentos de série acionamento por rádio freqüência (“Keyless Entry System”), alarme ultrassom, airbags frontais e laterias; faróis e lanterna de neblina; programa eletrônico de estabilidade (ESP), sistema eletrônico de controle de tração (TCS), sistema de freios anti-blocante (ABS) com distribuição eletrônica de frenagem (EBD) e assistência de pânico de frenagem (PBA); sistema ISOFIX; roda de alumínio 17 polegadas; ar-condicionado eletrônico com AQS; computador de bordo; direção elétrica progressiva; espelho retrovisor interno eletrocrômico; espelhos retrovisores externos elétricos com desembaçador; travas e vidros elétricos; volante com acabamento em couro e comandos para acessar as funções do sistema de som, controlador de velocidade de cruzeiro e viva-voz através de Bluetooth; sistema de som AM/FM stereo, CD Player, MP3, USB, entrada auxiliar, reconhecimento de voz para agenda de contatos e 6 alto-falantes; sensor de chuva; transmissão automática de 6 velocidades e acabamento interno em couro na cor preto “Jet Black”.
É uma lista muito boa! Se custasse originalmente R$ 67.990, teria potencial para vender cerca de 3.000 unidades por mês, número que seria bem superior à média mensal de 1.800 carros em 2014 (janeiro a abril, segundo a Fenabrave).
Chevrolet Onix
O caso do Onix é bem semelhante ao do seu irmão maior. O hatch 1.4, na sua versão topo te linha, LTZ, com câmbio manual, custa caros R$ 48.296 (valor ainda mais alto do que no lançamento da linha 2015). Pagando um pouco mais, seria possível levar um carro maior, mais confortável, mais seguro e com motor mais potente.
Por causa disso, o preço atual do modelo deveria ser o promocional, de R$ 43.450, ainda mais se lembrarmos que os concorrentes diretos, como Fiat Palio e os Volkswagen Gol e Fox, têm motor 1.6.
Chevrolet Onix LTZ 1.4 (R7P) | |
Preço público sugerido | R$ 48.296 |
Desconto de varejo na concessionária | R$ 3.846 |
Desconto funcionário Chevrolet | R$ 1.000 |
Preço promocional | R$ 43.450 |
O Chevrolet Onix LTZ 1.4 tem uma lista de equipamentos de série compatível com a categoria. Confira os principais, lembrando que o único opcional disponível é a transmissão automática de seis velocidades: abertura do porta malas por controle remoto; airbag duplo; alarme anti-furto; antena no teto; ar-condicionado; banco traseiro bipartido e rebatível; chave tipo canivete dobrável; cintos de segurança dianteiros com ajuste de altura; coluna de direção com regulagem em altura; computador de bordo; conjunto de alto falantes – 4 unidades; direção hidráulica; espelhos retrovisores externos elétricos; faróis com superfície interna preto (máscara negra) e detalhes na cor Ice Blue; fróis de neblina; lanternas com lentes escurecidas; maçanetas externas na cor do veículo; roda de alumínio aro 15″; sistema de freios com ABS; sistemas de luz “leve-me” e “siga-me”; Chevrolet MyLink; trava elétrica da tampa de combustível; trava elétrica nas portas; vidro elétrico nas portas com acionamento por “um toque”, anti esmagamento e fechamento e abertura automática pela chave.
Resumo da obra
Cada vez mais percebo que o elevado preço dos carros da Chevrolet no Brasil não pode ser considerado um “erro ou uma maldade” (atenuando o termos), como muitos internautas têm falado comigo por e-mail. Na verdade essa parece ser a estratégia que a marca resolveu adotar no País e que, pelo visto, tem dado certo: mesmo com preços altos, a Chevrolet está na segunda colocação no ranking brasileiro de vendas em 2014 (atrás da Fiat), brigando mês a mês com a Volkswagen (17,71% da Chevy X 17,49% da Volks – janeiro a maio, segundo a Fenabrave). Pensando de forma simples: “vendo por preços altos e vendo muito, logo, tenho lucros altos. Por que reduzir os valores?”.
Realmente é uma questão de gosto, opção e possibilidade. A Chevrolet produz bons carros no mercado nacional, mas seus preços estão altos e custam a partir de R$ 30.696, o Classic – nenhum veículo tem preço abaixo de R$ 30.000!). Em outro post, vocês terão outro exemplo gritante disso. Então, se você você for comprar um veículo da marca, fique ciente disso. Mas, se preferir outra marca que tenha produtos mais baratos (não necessariamente melhores ou piores), vá fundo.
Para fechar, não custa lembrar que não é só a GM que anda exagerando nos preços. Rapidamente me lembro aqui da Toyota, com o novo Corolla; da Ford, com o Focus (hatch e sedã), e da Volkswagen, com o Golf.
Infelizmente esta prática abusiva de preços dos veículos 0km não só se aplica aos veículos da GM, mas se estende por diversas montadoras no país. Os preços são sim abusivos e ainda por cima querem (os fabricantes) ganhar muito com essas manobras.
É por essas e outras razões que eu quero a volta do IPI. Pois, bem ou mal, o governo tem feito a parte dele reduzindo o imposto. Mas, e as montadoras, o que têm feito? NADA! Muito pelo contrário, estão aumentando a cada dia o preço de seus veículos sem justificativa alguma, como muitas marcas têm feito praticando dois a três reajuste em apenas um mês.
Aí sim, quero ver um Gol, Uno ou Palio a partir de 40 mil. Preços impraticáveis se o imposto for repassado integralmente. Portanto, elas têm sim aonde cortar suas gordurinhas se quiserem vender mais e deixar de ficar “mamando nas tetas do governo”.
Muito bem observado, Bernardo!
Meu irmão foi comprar um Cruze nessa promoção, mas preferiu investir em outro carro, já que o Cruze nem está na linha 2015 ainda e, por ser 1.8, está mesmo muito caro (mesmo com o desconto). Ele olhou um Corolla XEi e conseguiu um abatimento de R$ 3.400. Não sei se ele irá comprar…
Ultimamente, a melhor relação custo/benefício que tenho visto no mercado é a da Peugeot em relação ao desconto de 8 mil no 408. Isso, se aplicado no topo de linha e mega campeão, o THP, não tem nem o que pensar.
Um baita carro, com espaço de sobra, entregando um premiadíssimo motor turbo e uma generosa lista de equipamentos que, se for comparar com os concorrentes direto, não sairá por menos de 90 mil.
Ainda querem mais justificativas para fazer esse ótimo negócio?
O Peugeot só está dando desconto generosos pois seus veículos 0km estão cada vez vendendo menos (é uma das marcas que mais perdeu “volume de vendas” nos últimos 10 anos, mesmo com o mercado nacional em relativo crescimento).
O Peugeot 408 de fato, é uma das melhores opções de seu segmento (custo x benefício “campeão”), porém sofre com “preconceito” de parte dos consumidores ou ex-proprietários da marca (manutenção cara e nem sempre simples, desvalorização acentuada e dificuldade na revenda).
Como vende pouco, acaba tendo generosos descontos (é o 10º colocado no ranking de veículos 0km no segmentos de sedans médios, com 1.896 vendidas de janeiro a maio, esses são nº próximos aos conseguidos por Kia Cerato, Hyundai Elantra e Mitsubishi Lancer, todos importados e mais caros que o Peugeot).
É por essas e outras razões que veículos menos equipados e muito mais caros ocupam o primeiro lugar no ranking de vendas. Acredito que o brasileiro deveria se importar menos em relação a posição que esse ou aquele veículo ocupa no acumulado de vendas.
Se o Peugeot está com preços ótimos porque vende menos, bom pra quem tem a cabeça no lugar para poder adquirir um produto de excelente qualidade a um preço justo.
Com certeza isso é reflexo do PRÉ-CONCEITO que o próprio brasileiro impõe ao mercado automotivo, e com isso ele mesmo acaba perdendo ótimas opções como esse 408 THP. Em relação ao pós-venda da Peugeot, sim cometeu e ainda cometem algumas falhas. Mas diz quem nesse mercado é santo? E outra, os franceses de um modo geral têm se esforçado para mudar esse histórico, e já disponibilizam de atendimento exemplar em algumas css.
Hoje, são uma das poucas montadoras que disponibilizam em seus sites o plano completo de manutenção programada, dos 10 a 60 mil km, incluindo lista de peças e preços já com a mão de obra. As líderes do mercado deixam isso por conta e cada css, pra que cada uma possa praticar como bem entender seus preços. Acho isso um absurdo e falta de transparência e respeito com o consumidor final.
Lembra do 147? Era da Fiat, hoje líder de vendas no mercado. De lá pra cá ela teve que trilhar um longo caminho para alcançar seus méritos e nem por isso é perfeita.
Ilustre amigo, bem observado!
Eu prefiro inferir também que é uma bela de uma MERRECA o desconto para funcionários GM!
Outro detalhe é na comparação final com as outras marcas. Acho que o novo Golf é dos raríssimos casos de custo/benefício justo no nosso mercado.
Talvez seria melhor citar o carro mas destacar a adição de todos os opcionais para representar melhor o que você quis dizer(um valor exagerado).
Grande abraço!
A estratégia de preços na Chevrolet é essa mesmo!
Carros com valor de tabela “estratosféricos”, mas na hora de fechar negócio, com certeza o valor fica muito mais acessível (caso o cliente peça um desconto).
Vale lembrar que todos os modelos citados (Cruze LT e Onix LTZ) custavam praticamente esse mesmo valor “promocional” na ocasião do lançamento deles (2011 e 2013). O valor do veículo 0km teve pouca “inflação” nesse período (especialmente em carros acima de R$- 60.000 como o Cruze), faz todo sentido essa estratégia de elevar os preços da tabela para simular uma “promoção relâmpago” com preços agressivos para atrair os consumidores nos feirões (mas na verdade, o preço do carro é praticamente o mesmo de antes).
Infelizmente nós brasileiros aceitamos pagar o preço que as montadoras cobram, todos estão cansados de saber que no exterior (estou falando de Argentina) os carros produzidos aqui debaixo de nossas barbas, são vendidos por lá mais baratos do que em sua pátria mãe. A saída para nos livrarmos da ansia por lucros das montadoras é, infelizmente, comprarmos carros seminovos (1 a 3 anos de uso) por até 40% do valor do mesmo modelo 0KM, se fizessemos isso certamente baixariam os preços. Carro 0KM é bobagem.