A utilização de recursos eletrônicos nos automóveis modernos levou à crescente disponibilidade de medidores de consumo de combustível. No começo a precisão não era grande, mas agora os resultados permitem ao motorista avaliar consumo médio e instantâneo em várias condições de utilização. Tornou-se dispositivo relativamente barato, presente em computadores de bordo até de modelos compactos.
Em tempos de preços altos e preocupações com emissões de CO2, é um dispositivo bastante útil. Afinal, única forma de combater o efeito estufa provocado por esse gás é economizar combustível. Filtros ou catalisadores não servem, no caso. Ao final, um monitoramento que traz vantagens pecuniárias.
Hoje os controles de consumo e emissões para homologação são feitos em testes padronizados em laboratórios, a fim de garantir repetibilidade. Este cenário começa a mudar na Europa com obrigação, em breve, de certificação nas ruas e estradas em condições reais de uso, o que trará mais credibilidade aos números.
O Grupo PSA (Peugeot, Citroën, DS e agora Opel) se adiantou. No final de 2015 começou a desenvolver um protocolo de aferição em colaboração com duas ONGs e o Bureau Veritas. Frota de 60 veículos rodou mais de 40.000 quilômetros, numa iniciativa inédita no setor automobilístico, e tornou possível agora estimativas com respeitabilidade para mais de mil versões de modelos das três marcas.
Trabalho semelhante foi anunciado semana passada no Brasil pelo Instituto Mauá de Tecnologia, de São Caetano do Sul (SP), porém com intuito específico de comparar consumo de gasolina e etanol em motores flex. Foram escolhidos quatro modelos: Fiat Uno 1.0 manual, Hyundai HB20 1.6 automático, Renault Duster 2.0 automático e Toyota Corolla 1.8 automático. Depois de instalados medidores de combustível, percorreram 15 vezes o mesmo percurso, em cidade e igual número, em estrada.
O resultado demonstrou que, na média, consumo de etanol ficou entre 70,7% e 75,4% do observado com gasolina. As referências do Programa Brasileiro de Etiquetagem estão entre 66,7% e 72,1%, porém com gasolina padrão que contém 22% de etanol anidro. Nos postos de serviço está autorizado até 27% de etanol anidro, o que aumenta um pouco o consumo de gasolina. Daí a utilidade da medição do computador de bordo para aferir o gasto em cada modelo e não deixar de economizar ao abastecer. Outra forma seria fazer cálculos entre abastecimentos ou usar aplicativos com essa função.
No entanto, deve-se observar que adição de etanol à gasolina não aumenta o consumo de forma absolutamente direta à diferença de poder calorífico (energético) entre os dois combustíveis. Etanol proporciona melhores rendimentos térmico e volumétrico ao motor. Este pode aproveitar melhor as diferenças, se bem projetado.
Testes recentes feitos na Alemanha pela Clariant em três modelos Mercedes-Benz, por 12 meses, indicaram que se o volume adicionado de 10% de etanol de cana ou celulose à gasolina alemã subisse para 20%, o consumo seria exatamente o mesmo. E ainda ajudaria na redução de CO2 no ciclo de vida do combustível. Nesse aspecto específico (CO2) rivalizaria com um motor Diesel.
RODA VIVA
COMO se esperava, novo programa de diretrizes de longo prazo à indústria automobilística vai atrasar. Batizado de Rota 2030, esperado para 1º de janeiro próximo, cria estímulos para melhorar segurança e economia dos produtos. Renúncia fiscal seria de apenas 0,5% do que recebe o conjunto do setor industrial. Ainda assim, ministérios envolvidos não se entendem.
DOS recentes boatos nos bastidores do setor um é particularmente curioso. O Grupo CAOA, que tem instalações industriais completas e corpo próprio de engenharia, aproveitaria incentivos do Rota 2030 para produzir em Anápolis (GO), além dos atuais produtos Hyundai, um automóvel elétrico de projeto próprio. A empresa nega, mas sem tanta ênfase.
AUDI Q7 tem dimensões generosas (cinco e sete lugares), mas se comporta com agilidade de um SUV menor. A começar pelo diâmetro ideal do volante, posição de guiar e respostas vigorosas do silencioso motor diesel com torque de nada menos que 61,2 kgfm. Há modo de condução semiautônoma, nível 2, sujeito a limitações de nossas ruas: faixas estreitas e mal sinalizadas.
AINDA falta aprovação em plenário da Câmara dos Deputados, mas o projeto de efeito suspensivo de multas de trânsito até última instância, ou seja, depois de julgada pela Junta Administrativa de Recursos de Infração, merece total apoio. Hoje o Código de Trânsito Brasileiro estimula o motorista a não recorrer, ao firmar prazos inviáveis, burocracia e até oferecer descontos.
ENTRE aplicações mais ousadas de inteligência artificial, uma vem sendo desenvolvida pela japonesa Sumitomo, dona das marcas Dunlop e Falken. Trata-se do sensoriamento das atividades dos pneus em movimento para um futuro não tão distante. É um algoritmo planejado para medir o desempenho em tempo real, a partir de vibração e rotação geradas.