Fiquei alguns dias sem postar com frequência aqui no De 0 a 100 porque, no início de 2015, programei uma viagem para os Estados Unidos para a primeira quinzena de novembro desse ano. Tirando a TAM que tentou, de várias formas, atrapalhar a minha viagem (obrigado ANAC por me ajudar!), deu praticamente tudo certo no passeio e, como amante de carros, resolvi alugar, pela primeira vez, um dito “full size car”, que, em teoria, me ofereceria mais espaço e conforto.
Depois de ter problemas com a Localiza no Brasil e de jamais ter enfrentado nenhum contratempo com a Hertz por aqui, resolvi confiar nessa locadora para alugar o meu carro nos EUA. Infelizmente, essa foi a maior bobagem que fiz na minha viagem. Pelo menos, o Chevrolet Malibu que ficou comigo por 12 dias, me agradou, embora tenha espaço para evoluir.
Como o objetivo desse post é falar sobre a experiência automotiva que tive com o carro alugado, deixarei de lado a desonesta cobrança que a Hertz me fez, que será o tema do post de amanhã, com direito a fala de um advogado. Em resumo, a Hertz me obrigou a pagar um seguro desnecessário.
Se o meu bolso doeu com essa cobrança totalmente desrespeitosa, o meu coração doeu na hora em que a atendente da empresa me disse que eles só tinha um carro full size disponível: um Dodge Avenger 2013, com absurdos 100 mil quilômetros rodados. Mecanicamente o carro estava bem, mas ele foi lavado e não secou direito, deixando um cheio forte no interior do veículo, especialmente no porta-malas (já vi esse filme antes).
Não aguentei ficar 24 horas com o veículo e o devolvi, fazendo uma reclamação pessoal aos funcionários da Hertz. Depois de me ouvirem, eles trocaram o rodado e fedorento Avenger por um Chevrolet Malibu 2015 (considerado um “mid size sedan” pela própria General Motors, e não um full size como diz a Hertz, com 32.000 km rodados aproximadamente) – um veículo que, mesmo na sua geração desatualizada (vejam como é a linha 2016), é superior em termos de design, conforto, tecnologia e segurança. Satisfeito, pois finalmente a parte automotiva da minha viagem estava começando a dar certo, fui embora sem nem mesmo me importar pelo fato do veículo estar com a trava elétrica com defeito (o alarme não travava ou destravada a porta dianteira direita).
Com visual bonito e moderno, mas já superado pela nova linha, a versão alugada era a LT com motor Ecotec 2.5, de quatro cilindros, com injeção direta de gasolina e comando de válvulas variável, que desenvolve bons 199 cv (196 hp) de potência a 6.300 rpm e 25,7 mkgf de torque a 4.400 rpm.
Com um câmbio automático de seis marchas e sistema Start/Stop, a expectativa era ter ótimo desempenho associado a um atraente consumo de combustível, mas o peso de 1.560 kg não ajudou muito. Em circuito misto, o Malibu teve média de 11,1 km/l, com picos de 13,1 km/l na estrada e baixa de 9,1 km/l na cidade – sempre com o ar-condicionado e o star/stop ligados em todas as ocasiões e respeitando os limites de velocidades em todos os momentos.
Se pensarmos num carro desse porte, movido primordialmente apenas por um combustível (o flex deles não é como o nosso), o consumo pode até ser considerado bom, permitindo ótima autonomia graças ao enorme tanque com capacidade para 70 litros. Por outro lado, a média poderia ser bem melhor, afinal, a Chevrolet anuncia com grande destaque que o veículo faz 10,63 km/l (25 milhas por galão) na cidade e 15,31 km/l na estrada (36 milhas por galão), com média combinada de 12,33 km/l (29 milhas por galão).
Assim como o consumo, o desempenho também pode ser considerado bom. Motor e câmbio trabalham bem juntos, oferecendo potência e torque adequados para quase todos os momentos. Com o carro com quatro passageiros, ar-condicionado ligado e com os razoáveis (para um sedã desse porte) 462 litros do porta-malas lotados, o Malibu se saiu bem tanto na cidade, quanto na estrada – um tapete, sempre com pista dupla (ou mais). Como não precisei fazer nenhuma ultrapassagens, fiz alguns testes de retomada e o Chevrolet também se saiu bem.
O que poderia melhorar, que a GM insiste em fazer errado há anos, é a posição dos botões para as trocas de marcha manuais (veja acima). Ao invés de paddle shifts atrás do volante ou de toques para frente ou para trás no câmbio, a marca insiste em colocar um botão na própria alavanca, mas agora na parte de cima (ao invés da ainda pior posição lateral do Captiva, por exemplo). Definitivamente não faz parte do cardápio de atrações da General Motors a união entre ergonomia e diversão ao volante.
Falando em ergonomia, foi bem fácil encontrar uma posição relativamente boa para dirigir. O Malibu LT oferece ajuste de altura e profundidade da coluna de direção e ajustes elétricos do banco do motorista (distância, lombar e altura em duas partes – frente e traseira do assento). Escrevi relativamente porque o encosto de cabeça, não importante a altura, empurrava sempre a minha cabeça para frente. Uma pena.
Mas o maior problema do sedã da Chevrolet, sem dúvida, é o seu espaço no banco traseiro. As pernas encostam facilmente nos bancos da frente, enquanto a cabeça bate no teto – uma enorme decepção para um carro dessa categoria. Honda Civic e Toyota Corolla, que estão numa categoria abaixo e concorrem com o Cruze, oferecem mais conforto no banco traseiro. E tem mais um detalhe: o passageiro central traseiro está fadado ao desconforto completo, pois o túnel de vento é muito alto, além de sofrer com a absurda falta de segurança por não ter apoio de cabeça (fato lamentável).
Equipamentos e segurança
Pelo menos, os outros passageiros têm muita segurança e conforto, pois o Chevrolet Malibu LT 2015 vem equipado, de série, com freio a disco nas quatro rodas com ABS e EBD, 10 airbags (frontais, de joelho, laterais dianteiros, laterais traseiros e do tipo cortina)), controle de estabilidade, monitoramento de pressão dos pneus; ar-condicionado, direção elétrica; vidros, travas, espelhos e retrovisores elétricos, rodas de 16″, tapete em carpete, bancos revestidos em couro, ajustes elétricos do banco do motorista (incluindo lombar – mais detalhes acima), ajuste de altura e profundidade do volante, cruise control com comandos no volante; sistema de entretenimento MyLink com tela de 7″, rádio AM/FM com CD Player e entras USB e auxiliar, seis alto-falantes, conexão bluetooth para celular (com streaming de audio) e comandos no volante, câmera de ré (sem sensor de estacionamento), entre outros. Uma pena que vários atrativos do sistema estavam desativados, como o rádio por satélite, por exemplo.
A versão que aluguei era o primeiro nível do acabamento intermediário, LT. Abaixo tem o LS e acima tem o LT2, LT3, LTZ1 e LTZ2, além da versão Limited. Mas nem leve em consideração essas versões nesse momento, uma vez que a linha 2016 já deu o ar da graça com visual reformulado e novidades.
Medindo 4,86 m de comprimento, 1,85 m de largura (com espelhos), 1,46 m de altura e com 2,74 m de distância entre-eixos, o Chevrolet Malibu LT 2015 que testei tem preço sugerido de US$ 24.560 (algo variando entre R$ 90.800 e R$ 94.500 – quase o altíssimo valor que a marca cobra pelo Cruze LTZ no Brasil: R$ 88.900).
Resumo da obra
Pelo preço pedido pela Chevrolet nos EUA, eu não compraria o Malibu 2015. Eu olharia outros carros da mesma categoria antes de fazer a minha escolha. Essa seria a ordem: Honda Accord, Toyota Camry, Kia Optima, Hyundai Sonata, Ford Fusion e Chrysler 200.
Como falei, o Malibu tem espaço para evoluir. E a marca sabe disso, por isso já tem o Malibu 2016, que recebeu mudanças internas e externas. Sem dúvida eu olharia essa novidade antes de decidir a minha compra.
Mas voltando ao carro alugado, o Chevrolet Malibu LT 2015 é um carro legal, com acabamento compatível com a categoria e com motor 2.5 e câmbio automático de seis marchas que trabalham bem, mas que deixa a desejar no espaço interno do banco traseiro. A falta de conforto e segurança para o passageiro central traseiro também é algo a se lamentar. O porta-malas é razoável, mas deveria superar 500 litros pelo porte do veículo.
Em relação à Hertz, tenho apenas uma orientação: se você for viajar para os Estados Unidos, alugue carros na Alamo, National, Enterprise, Dollar e até mesmo na Avis. Evite a Hertz (#FicaADica). Entenda em detalhes amanhã.