Lançado no final de 2007, o veterano Sandero, que fez a sua primeira aparição pública no Brasil aqui em Belo Horizonte, não está mais entre nós. Aposentado em 2022, o modelo pode ainda ser encontrado na sua versão “aventureira independente” que, para ficar mais em conta, recebeu motor 1.0. A partir disso, pergunto: vale a pena comprar um Renault Stepway Zen 2023 1.0?
Independência
Antes de analisar, vale explicar as aspas acima. A versão Stepway nasceu como uma versão com visual “off-road” do Sandero. Ela era sempre equipada com motor 1.6 e mais equipamentos de série, para (tentar) incomodar os SUVs.
E foi com esse objetivo que a Renault abandonou o nome Sandero, em 2019, e deu independência ao Stepway, que, na linha 2023, ganhou uma sobrevida com a nova versão Zen 1.0.
Mas, ao invés de mirar os “aventureiros” da parte de cima da tabela, mira os concorrentes de baixo, como o Citroën C3, o Fiat Argo Trekking e, por que não, o próprio Kwid.
Por fora
No design, o Stepway 1.0 traz as principais características aventureiras do modelo, como o para-choque dianteiro mais robusto, faróis de neblina com moldura cromada e ski frontal na cor prata. A assinatura luminosa tem luzes diurnas de LED no formato de “C”, ao redor dos faróis, e a grade com detalhes cromados.
Na lateral, o Stepway 1.0 tem alargadores de para-lamas e as barras de teto, como a todas as versões do modelo até hoje, além da identificação Stepway na porta. As rodas de aço, de 15″, trazem calotas na cor prata. As lanternas traseiras são escurecidas em LED e o para-choque traseiro conta sensores de estacionamento integrados.
Tudo isso para dizer que o visual do Renault Stepway Zen 2023 ainda agrada, mas está cansado, sentindo bastante o peso da idade.
Por dentro
Internamente, o modelo possui disparado o melhor espaço interno entre os hatches fabricados no Brasil até R$ 85.000, além do ótimo porta-malas de 320 litros.
O acabamento é o melhor da história da linha Sandero, demonstrando uma boa evolução em relação à primeira geração do modelo. Ainda assim, sofre com as limitações da simplicidade e soluções de um projeto antigo, como a falta de ajuste de profundidade do volante.
Mas o que mais chama a atenção para a idade do projeto é o painel. Visivelmente ele ficou para trás, enfatizado pela central multimídia, com aspecto antigo, de apenas 7″, que tem a entrada USB na parte superior, permitindo que o fio passe na frente da tela.
Equipamentos
Por sugeridos R$ 77.990, o Stepway Zen 1.0 traz, de série:
- ar-condicionado
- direção com assistência eletro-hidráulica
- vidros elétricos dianteiros com função “one touch”
- travas de portas e abertura do porta-malas com acionamento elétrico
- sensor de estacionamento traseiro
- faróis de neblina
- luzes diurnas em LED
- quatro airbags (frontais e laterais)
- cinto de três pontos e apoio de cabeça para os cinco ocupantes
- freios com sistema ABS (e EBD)
- sistema Media Evolution com tela de 7″ sensível ao toque, com Android Auto e Apple Carplay (por cabo), entrada USB e com quatro alto falantes
- comando de satélite no volante
- sistema Isofix para cadeira infantil
- ajustes de altura do banco e do volante
- computador de bordo
- chave canivete
- alarme perimétrico
- desembaçador, limpador e lavador do vidro traseiro
- rodas de 15″, entre outros
Destaco como diferencial apenas os quatro airbags. Mas nada de controles de tração e estabilidade, infelizmente. Nem retrovisores laterais elétricos ele tem como opcional (é de série no Zen 1.6.)
Motor 1.0 SCe
O motor 1.0 12V SCe, de três cilindros, que traz duplo comando de válvulas variável na admissão e no escape, desenvolve 79 cv de potência e 10,2 mkgf de torque com gasolina e 82 cv e 10,5 mkgf com etanol.
O modelo conta com Stop&Start, sistema que desliga o carro automaticamente num sinal de trânsito ou em outras paradas. Segundo a Renault, isso garante uma economia de até 5% de combustível.
Rodando
No dia a dia, ele surpreende por ter uma cabine até silenciosa e por filtrar razoavelmente bem as imperfeições do solo brasileiro. O propulsor 1.0 é valente e até entrega algum desempenho, mas falta fôlego para levar os 1.061 kg do hatch, especialmente na estrada.
Baixo
Mas o que mais chamou a minha atenção foi a posição baixa de dirigir, algo que me agrada bastante, mas que não condiz muito com a proposta do Stepway. O ponto mais paradoxal é que a carroceria não é elevada 4,5 cm como nas versões 1.6, entregando apenas 14 cm de distância livre do solo – número ruim para um carro com pretensões aventureiras.
Consumo
De acordo com a marca, o Stepway Zen 1.0 faz 13 km/l na cidade e 13,7 km/l na estrada com gasolina. Abastecido com etanol, tanto o consumo urbano como o rodoviário é de 9,3 km/l.
Destaco apenas o consumo urbano com gasolina, que é promissor. Se a direção fosse elétrica, e não eletro-hidráulica, os números poderiam ser um pouco melhores.
Sobre o Stepway
O Stepway foi lançado em 2008, um ano após a chegada do Sandero. Ele passou por facelift em 2011 e, em 2014, chegou à nova geração. Em 2020, recebeu outra atualização visual com novos para-choques, lanternas em LED e faróis com assinatura luminosa em formato “C”.
O Stepway Zen 1.0 substitui a série especial Sandero S Edition e está disponível nas seguintes cores: branco Glacier, prata Étoile, preto Nacré, vermelho Vivo e cinza Cassiopée.
Versões e preços
O modelo também pode ser comprado nas versões Zen 1.6 e Iconic 1.6 CVT.
- Renault Stepway Zen 1.0 – R$ 79.990
- Renault Stepway Zen 1.6 – R$ 101.790
- Renault Stepway Iconic 1.6 CVT – R$ 113.24
Vale a pena comprar um Renault Stepway Zen 2023?
Se você busca um carro com bom espaço interno (algo importantíssimo para mim) e porta-malas legal, e que não cobra muito por isso, o Renault Stepway Zen 2023 1.0 pode ser uma boa pedida para você. Ele tem uma lista de equipamentos trivial para o século 21 e, se você for rodar mais na cidade, o motor é mais eficiente (falta fôlego na estrada) e proporcionalmente mais econômico.
Mas lembre-se que, mesmo robusto, o veículo tem um projeto ultrapassado, que peca em modernidade, segurança, ergonomia e conforto. E, pelo andar da carruagem, o Stepway tende a sair de linha em até dois anos (embora, obviamente, nada tenha sido dito).
Ainda assim, vale a compra.
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