O Ford Escort, carro que marcou época por aqui especialmente nos anos 1980, completou, recentemente, 35 anos de lançamento no Brasil. É verdade que ele está aposentado do nosso mercado há 15 anos. Mas, mesmo assim, o modelo ainda coleciona fãs apaixonados.
Primeiro carro mundial
Lançado no Brasil em 1983, o Escort foi o primeiro carro mundial da Ford, compartilhando projetos e componentes para reduzir custos. Quando chegou aqui, já estava na terceira geração na Europa.
Equipado com motor transversal, tração dianteira e suspensão independente nas quatro rodas, calibrada para mercado brasileiro, tinha tamanho de um compacto hoje (3,97 m), como o Ka, e, segundo a Ford, o menor coeficiente aerodinâmico do país na época: 0,385 Cx.
Além da carroceria inovadora de “dois volumes e meio”, com frente em cunha, faróis retangulares, janelas amplas e traseira curta, ele se destacava pela agilidade, ficando realmente famoso pela versão mais esportiva XR3, que oferecia a até a opção conversível!
Flex, só que separado
Numa época em que ainda não havia motores flex, o Escort oferecia versões a álcool ou a gasolina dos modelos 1.3 e 1.6. Segundo a Ford, o desempenho econômico, a direção leve e agradável, a ampla visibilidade, o baixo nível de ruído e o acabamento interno eram outros pontos elogiados do carro. A embreagem com ajuste automático de folga e a garantia de três anos contra corrosão eram outras novidades.
O Escort foi o primeiro carro brasileiro a oferecer simultaneamente a opção de duas ou quatro portas e tinha três versões de acabamento: básica, L e GL. A versão Ghia, de luxo, chegou depois com vidros e travas elétricos, vidros com efeito dourado, limpador de pára-brisa ajustável e indicadores de desgaste do freio, nível de combustível, óleo e líquido de arrefecimento. Os bancos de veludo e o relógio azul no teto eram itens adicionais de requinte.
Escort XR3 – Aí sim
A versão esportiva XR3 (de Experimental Research 3) surgiu no mesmo ano e se tornou o ícone da linha, com quatro faróis auxiliares, aerofólio traseiro, teto solar, rodas de 14″ no estilo “trevo de quatro folhas” e pneus de perfil baixo – outra novidade em carros nacionais.
O motor 1.6 com calibração especial oferecia 10 cv a mais de potência. A versão Escort XR3 Conversível chegou em 1985, marcando uma geração.
Reestilização + Autolatina
Em 1986 o Escort foi reestilizado, com mudanças no capô, grade, faróis, piscas, para-choques e passou a ser equipado somente com motor 1.6 e duas portas. Com a formação da Autolatina, em 1989 as versões XR3 e Ghia receberam o motor AP 1.8 da Volkswagem e a família foi ampliada com um sedã de duas portas, o Verona.
Em 1991 a linha ganhou um sedã de quatro portas, chamado Guarujá, produzido na Argentina, e a série especial Fórmula, com amortecedor eletrônico e bancos Recaro.
Nova geração
Em 1993, o Escort chegou à segunda geração, com uma carroceria maior totalmente nova e interior modernizado. O XR3 recebeu motor 2.0 com injeção eletrônica e a carroceria antiga continuou a ser produzida na versão Hobby para o segmento de carros populares, com motor 1.6, depois trocado pelo 1.0.
Em 1996, com a criação do Mercosul, o Escort passou a ser produzido na Argentina com nova frente, motor 1.8 Zetec e o fim das versões XR3, Ghia e Hobby. No chamado modelo 1996 e meio, o hatch voltou a ter quatro portas e o nome Verona foi trocado por Escort Sedan.
Foram introduzidos também a perua Escort Station Wagon e o esportivo hatch RS, com duas portas. Em 2000 o Escort ganhou a opção do motor Zetec Rocam 1.6 nacional, até o encerramento da produção em 2003.
Ford Escort hoje
De acordo com a Ford, atualmente o nome Escort é num sedã médio produzido na China, que não guarda nenhum parentesco com o antigo modelo mas também faz muito sucesso.
Curiosamente, o Escort não aparece na lista de veículos site da Ford chinesa.
Período mais marcante da Super Máquina
Olhando para o passado, o momento mais marcante do Escort foi o período entre 1985 e 1992. Tenho lembrança, quando criança, de “colecionar” as unidades do modelo que eu via na rua, imaginando histórias e situações estilo “Super Máquina” com o meu Escort.
E foi a versão mais clássica do marcante Ford, a XR3, exatamente desse mesmo período, que conquistou o coração do meu bom amigo Bruno Pontes, responsável pelo interessante BP Clássicos, um dos maiores adoradores do Escort que conheço.
Fã apaixonado
O Escort foi o primeiro carro que dirigi. Porém, além desta relação emocional que todo gearhead tem com o primeiro carro que pôde acelerar, me lembro de, enquanto criança, ser um apaixonado pelo modelo XR3. Aquele teto solar, aquele aerofólio… Quando o modelo da 4ª geração foi lançado no Brasil, eu ainda era muito pequeno, mas isso não impediu que o sonho de tê-lo fosse embora à medida em que chegava em idade adulta.
Cheguei aos meus 25 anos convicto de que aquele era o momento certo de realizar esta vontade de criança: corri atrás de um “MK4 XR3” que fizesse meu coração bater mais forte! Encontrei! Paixão à primeira vista. Comprei um XR3 1992 Bege Nevada (ou branco pérola, como muitos gostam de dizer). Não era o carro perfeito para os olhos dos puristas, mas era a unidade que encaixava-se perfeitamente à minha condição de momento.
Ao longo de 5 anos, aproveitei muito o meu sonho. Gastei muito dinheiro. Refiz o carro quase por completo. Ficou lindo, vistoso e arrancava elogios dos admiradores. Sonhos são para serem vividos. Sonhos talvez não sejam eternos, principalmente para um cara que é apaixonado por carros e que quer cada dia uma nova experiência automotiva. Meu Escort hoje abrilhanta uma coleção longe da minha garagem. Sinto saudades, mas tenho certeza absoluta que ele está sendo bem tratado como merece. E vamos rumo ao próximo sonho!