Situação difícil do mercado garante ao consumidor, mais do que nunca, a decisão de escolher. Entre os sedãs médios-compactos trava-se uma verdadeira batalha para atrair os possíveis (e poucos) compradores. Este ano vem sendo marcado pela renovação em diferentes níveis. Começou com a atualização do Nissan Sentra, seguido pelo inteiramente novo Chevrolet Cruze. Esta semana começam as vendas da décima geração do Honda Civic. A Citroën aproveitou o embalo para lançar o C4 Lounge 2017 apenas com motor turbo de 1.6 L/173 cv (etanol), conforme antecipado pela Coluna.
As atenções concentram-se no constante desafiador ao líder Toyota Corolla. A décima geração do Civic foi muito bem recebida no mercado americano e logo assumiu a primeira posição no segmento. Não teria porque ser diferente aqui, pois o carro ficou maior, mais equipado, com bom espaço para pernas no banco traseiro, porta-malas amplo de 519 litros e estreia versão de topo, Touring, que utiliza o novo motor turbo de 1,5 L/173 cv (apenas gasolina inicialmente e flex quando for nacionalizado daqui a um ano). Além disso, o estilo – fundamental para o brasileiro – é bastante arrojado, mas dentro dos limites. Até as lanternas traseiras superdimensionadas harmonizam-se, sem chegar ao exagero.
Tudo estaria no bom caminho, mas há entraves. A Honda terá que administrar a capacidade da atual única fábrica em Sumaré (SP), onde produz quatro modelos, sem contar o WR-V uma derivação crossover do Fit já na fase final de desenvolvimento. A oferta inicial do Civic será de 3.000 unidades/mês, certamente abaixo do seu potencial. Existe uma nova unidade fabril pronta em Itirapina, a 110 km de Sumaré. Mas só pode entrar em operação ao se esgotar a capacidade em dois turnos de Sumaré e quando for possível fabricar mais 5.000 unidades/mês em Itirapina, mesmo que em turno único. A maioria das marcas japonesas não aprecia trabalhar em três turnos, o que em teoria resolveria a questão.
Este dilema industrial e a decisão de não produzir mais do que se possa vender explicariam a política de preços, tão ousada para cima como o próprio modelo, para segurar a demanda não atendível. O Civic agora começa em R$ 87.900 e vai a R$ 124.900. De início, a versão de entrada (Sport) representará 24% da produção, as intermediárias (EX e EXL) 48%, todas com o atual motor de 2 litros de aspiração natural, e a nova Touring, 28%. Esse não é um mix normal, nem o definitivo, porém reflete a situação de hoje e dos próximos meses.
O carro deixa boas impressões ao guiar. Caixa de direção eletroassistida de relação variável (apenas 2,2 voltas de batente a batente), nova suspensão traseira multibraço e câmera acoplada ao espelho retrovisor direito são destaques. A caixa de câmbio automática CVT tem desempenho melhor com o motor mais potente, quando se podem usar borboletas atrás do volante e as sete marchas virtuais apresentam respostas que beiram alguma esportividade. Assoalho traseiro deixou de ser plano por razões de aerodinâmica e de espaço vertical interno incontornáveis em um projeto moderno. Entrada de fio para telefone inteligente obriga a certo contorcionismo para a idade média dos clientes de sedãs.
RODA VIVA
CONGRESSO da Fenabrave (associação das concessionárias) destacou o clima de possível reação das vendas no último trimestre do ano. Barry Engle, presidente da General Motors América do Sul, além de projetar crescimento do mercado de 12% em 2017, reconheceu que a indústria se empolgou demais no seu planejamento anterior. É raro um executivo fazer análise tão sincera.
EXPECTATIVA maior do Congresso foi sobre o que pensava o governo federal acerca do plano de renovação de frota, rebatizado de Programa de Sustentabilidade Veicular. Ainda está em análise para possível anúncio no próximo ano. Já se sabe, no entanto, de fortes limitações no orçamento público. Ordem é aguardar e peneirar as sugestões, de fato, viáveis.
DEPOIS de investimento de R$ 46 milhões, a Toyota está apta para desenvolvimentos locais. Em sua fábrica de Diadema (SP) inaugurou esta semana seu 15º centro de pesquisas. Os demais estão no Japão, EUA, Europa, Ásia e Austrália. Nos planos, além de reestilizações e testes de motores, surgirão derivações de produtos específicos para a América Latina.
NOVO MINI Cabrio mostra que nunca convém ficar de fora do restrito mercado de conversíveis. Oferecido apenas na variante Cooper S, o carro é harmonioso, independentemente da capota aberta ou fechada. O recente motor BMW 2-litros/192 cv “empurra” de verdade. Acabamentos e materiais são de primeira qualidade e o preço acompanha: R$ 164.950.