O mercado de veículos novos reduziu o ritmo de crescimento, mas ainda assim registrou o melhor trimestre em vendas da história. Foram licenciados 830,5 mil unidades, incluindo caminhões e ônibus, alta de 1,5% em relação a igual período de 2012.
Só em automóveis e comerciais leves, segmento beneficiado pelo Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido, foram vendidas 788,5 mil unidades, 2% mais em comparação ao mesmo período de 2012. Em março, as vendas somaram 283,9 mil veículos, 20,7% mais que em fevereiro, mas 5,5% menor que há um ano.
Mesmo com resultados ainda positivos, o governo decidiu manter o IPI menor até dezembro. Em maio de 2012, quando o benefício foi anunciado, o setor registrava queda de 4,8% nas vendas. O IPI para carros 1.0, então em 7%, foi zerado. Para modelos até 2.0 caiu à metade.
Para analistas, o governo está preocupado com a inflação e com a fraca retomada da economia. “Manter o IPI é uma boa causa, mas só adia o problema”, diz Armando Castelar, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Na opinião de Castelar, a menos que o governo adote uma redução permanente do IPI, o impacto aparecerá quando voltar a ser cobrado. “O ideal seriam medidas de combate mais frontal à inflação, como promover mais o crescimento da indústria e melhorar a produtividade.”
Em dezembro, o governo anunciou que o IPI voltaria a seus índices normais em três etapas. Em janeiro, o carro 1.0 passou a ser taxado em 2%. Neste mês, o índice iria a 3,5% e, em julho, aos 7% normais.
Durante o feriado da Páscoa, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que o IPI seria mantido nos níveis atuais.
Para Fábio Silveira, diretor de pesquisa econômica da Go Associados, a recuperação do mercado ainda é lenta e a alta do IPI poderia retrair ainda mais o mercado. Apesar disso, Silveira mantém aposta de alta de 2,7% nas vendas de veículos este ano, ante 4,6% em 2012.
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, mantém a previsão de alta de 3,5% a 4,5%. “Se a alíquota de IPI não fosse mantida, dificilmente a meta seria atingida”.
Reprodução do texto da Cleide Silva com a colaboração Gustavo Porto.
Fonte: Estadão