Passei duas ótimas semanas com o Nissan March SL “Colors Multi” 1.6 e, durante todo esse período, posso garantir uma coisa: o carro diverte muito.
Leve e com “motorzão”, ele tem um ótimo desempenho e uma média de consumo interessante. Seu “tablet” no painel é legal, mas o pacote “Colors”, de maneira geral, é questionável. Com essa dupla, o pequeno japonês carioca não compensa tanto o investimento. Mas, sem eles, a versão SL é tem um custo/benefício bem mais atraente.
O March 1.6 2016 vem equipado, de série, com ar-condicionado, direção elétrica progressiva com regulagem de altura, computador de bordo, banco do motorista Comfort Seat com ajuste de altura, rodas de aço 14” com calotas integrais, airbag duplo, freios ABS com controle eletrônico de frenagem (EBD) e assistência de frenagem (BA), conta-giros, tampa de combustível com abertura interna, vidros dianteiros elétricos, travas elétricas das portas e porta-malas, chave com telecomando para abertura e fechamento das portas e porta-malas (versão S); rodas de liga leve 15”, CD Player MP3/RDS, entrada para iPod, USB e 4 alto-falantes; conexão Bluetooth de telefone (Viva Voz) e com suas músicas via Bluetooth Streaming, comandos de áudio e telefone no volante, aerofólio com brake light integrado, faróis de neblina dianteiros com acabamento cromado, revestimento dos bancos com acabamento SV; retrovisores externos com regulagem elétrica, vidros dianteiros e traseiros elétricos (versão SV); sistema de navegação com Nissan Connect, CD Player touchscreen com display colorido de 5,8”, câmera de ré integrada; ar-condicionado digital automático; rodas de liga leve 16” com acabamento Inner Black; alarme perimétrico; revestimento dos bancos em tecido especial premium SL e maçanetas externas cromadas (versão SL).
O March SL testado vinha com um pack que deixa o visual do pequeno nipo-brasileiro diferenciado. Associado à cor do veículo, o pacote “Colors” acrescenta frisos laterais, aerofólio, capa do retrovisor e maçanetas externas em cores diferenciadas, além de jogo de tapetes em veludo com acabamento “Colors”. Se o March for branco, terá essas partes citadas em vermelho (como o carro testado) ou azul; se o carro for vermelho, os detalhes serão brancos; caso o automóvel seja preto, a caracterização externa será com branco.
O pacote “Colors” inclui ainda a central multimídia Multi-App (veja mais detalhes no vídeo abaixo), composta por rádio AM/FM, CD e DVD Player, MP3 com display 6,2″ colorido, função RDS, entrada auxiliar para MP3 Player/iPod, conector USB e 4 alto-falantes, conexão à internet através de wi-fi pela plataforma Android e download de aplicativos. O valor pedido pela Nissan pelo March SL 1.6 + Pack Colors + Pack Multi é R$ 51.790.
OBS: Desculpem-me pela tremedeira no vídeo, mas machuquei o meu braço jogando basquete poucas horas antes da gravação.
Sem os packs, o preço abaixa para R$ 49.490, inferior à barreira de R$ 50.000, o que é bem-vindo. Mas, mesmo assim, espera-se que um carro desse valor entregue alguns equipamentos que o March não dispõe, como banco traseiro bi-partido (extremamente útil), ajustes de altura dos cintos de segurança dianteiros e de profundidade do volante, sistema one touch para subir e descer todos os vidros, alarme que sobe os vidros, termômetro de temperatura externa, luz no espelho do para-sol do passageiro (muito pedido pela minha esposa), um painel de instrumentos mais bonito, como o Fine Vision do Versa 1.6 (qualquer versão), sensor de estacionamento (forma uma dupla excelente com a câmera de ré), setas nos retrovisores externos e mais algumas coisas.
Outro ponto que precisa de evolução está na posição do botão de ajuste do retrovisor elétrico, que fica muito baixo, do lado esquerdo do painel, e que não tem luz. Cinto de três pontos e apoio de cabeça para o passageiro central traseiro também seriam bem-vindos (Fiat Uno já conta com essa dupla, mas erroneamente como opcional), assim como botão (ou alavanca) para abertura interna do porta-malas e remanejar a posição do ajuste de altura do banco e de inclinação do assento, que ficam com o acesso prejudicado pelo apoio de braço da porta do motorista.
Espaço e conforto
O March tem um porte mais adequado para o uso urbano. Sua direção elétrica é leve, facilitando manobras, e o seu tamanho (3,827 m de comprimento) o faz caber em praticamente todas as vagas. Os motoristas mais altos, como eu, sentem certo aperto, mesmo com o banco todo para trás e para baixo. Mas é tudo uma questão de costume e não bater a cabeça no teto no banco do motorista faz uma diferença incrível.
De maneira geral, o compacto da Nissan oferece um espaço interno compatível com a categoria, ideal para quatro adultos, assim como o volume do porta-malas, 265 litros, que poderia ser maior. O tanque de combustível também poderia ter a sua capacidade aumentada de 41 litros para 45 litros, o que melhoraria a autonomia.
Para um carro que está na casa de R$ 50.000, esperava um acabamento melhor, mas o do March não é ruim. A tela da central multimídia combinou com o painel e o ar-condicionado digital dá um diferencial interessante ao conjunto. Falando no ar, o barulho do ventilador do March SL 1.6 é muito mais baixo e agradável do que o Versa S 1.0 e do March SV 1.0, que mostrei nesse vídeo. Outros pontos positivos são a posição dos botões dos vidros elétricos, que ficam bem localizados na porta, e os comandos no volante, que são práticos, facilitando a vida do motorista.
Um ponto que deixo como curiosidade para o time da Nissan é verificar a vedação acústica na parte traseira do veículo (portas ou porta-malas). Quando o carro roda na chuva mais intensa, fica a sensação de que tem alguma porta ou vidro aberto.
Debaixo do capô está a diversão
O motor 1.6 16V, embora prefira funcionar com rotações mais elevadas, “sobrou” na cidade, sendo usado sempre de forma mais limitado devido ao dia a dia de uma grande metrópole. Confesso que, no início, eu acelerava demais o carro, o que sacrificou um pouco a média de consumo. Mas, depois, quando me acostumei com ele, a situação melhorou bem. Veja os meus números, sempre com etanol, em Belo Horizonte, cidade que tem uma topografia que não colabora com a poupança de combustível:
- Medição cidade 1: 6,6 km/l
- Medição cidade 2: 7,0 km/l
- Medição cidade 3: 7,6 km/l
Na estrada o March SL pode mostrar todo o seu potencial. A aliança entre o baixo peso e o motor 1.6 16V, que desenvolve 111 cv de potência e 15,1 mkgf de torque com gasolina e/ou etanol, tornou o compacto da Nissan um “foquetinho”. Num trecho de subida forte, de aproximadamente 8 km, nos arredores de Belo Horizonte, em pista dupla, no final de um dos trajetos que costumo fazer para testar carros (esse, no caso, com 45 km de extensão), me posicionei do lado esquerdo para ultrapassar um Fiat Siena EL 1.4 prata quando um Citroën C4 Pallas 2.0 preto chegou atrás de mim.
Seu motorista, aparentemente enfurecido por algum motivo (meu palpite: dor de barriga), buzinou e piscou os faróis insistentemente para que eu saísse da frente, o que era impossível, já que eu estava lado a lado com o sedã ítalo-brasileiro. Feita a ultrapassagem, resolvi acelerar o March de verdade para ver do que ele era capaz. No momento da ultrapassagem, eu estava no trecho mais íngreme do caminho, a 40 km/h mais ou menos por causa de curva fechada que existe antes. Com o pé em baixo, o ponteiro da velocidade subiu de forma animada, atingindo 90 km/h rapidamente.
Meio sem entender o que tinha acontecido, o C4 Pallas não conseguiu acompanhar o desenvolto e arisco March pelos 6 km seguintes. Quando ele, finalmente, conseguiu chegar ao meu lado, já no trecho plano no alto do morro, seu motorista bufava, gesticulava e xingava horrores. Não me importei e fui curtir o comportamento do hatch da Nissan nas curvas. Como esperado, o modelo é estável, com uma tendência a sair de frente, o que não chega a ser um problema – é só não abusar, pois não existem controles de tração e estabilidade.
Quando o trecho de estrada acabou, imediatamente olhei o computador de bordo para ver o consumo: 10,1 km/l com etanol. Se não fosse a acelerada mais forte que dei para despachar o Pallas, a média teria ficado na casa de 10,9 km/l, número que consegui nesse mesmo trecho, dirigindo sem acelerações bruscas. No outro trecho de estrada, onde também fiz duas medições, sendo ambas com o ar-condicionado ligado, mas, em uma, com o carro vazio e duas pessoas, e outra com o carro muito cheio e também duas pessoas, médias de 12,7 km/l e 12,1 km/l, respectivamente, sempre com etanol e velocidade média de 80 km/h.
- Medição estrada trecho A – 1: 12,7 km/l
- Medição estrada trecho A – 2: 12,1 km/l
- Medição estrada trecho B – 1: 10,9 km/l
- Medição estrada trecho B – 2: 10,1 km/l
Cores subjetivas
Visualmente, as mudanças estéticas mais recentes aplicadas pela Nissan ainda estão atuais na briga com os adversários, pois o March ficou mais moderno e bonito, embora o modelo não seja um exemplo de belo design. Nesse sentido, o pacote “Colors” serve para dar fôlego ao modelo.
Quando aplicado no carro, o efeito do pack é até interessante, tornando o March um pouco diferenciado. Entretanto, no dia a dia, eu me cansei rápido dos detalhes coloridos. Pensei então em qual seria o público alvo de um March com o “Colors”, que, além da versão SL 1.6, também está disponível para a SV 1.0. Conversei então com dois casais de estudantes universitários, todos com idade entre 19 e 25 anos.
Curiosamente, as opiniões dos homens foram iguais e opostas das opiniões das mulheres. Eles disseram “não é feio, mas prefiro tudo com a mesma cor” – opinião compartilhada pela minha esposa e por mim. Já as universitárias disseram “adorei, gostaria que o meu carro fosse assim”.
Resumo da obra
Realmente o pacote “Colors” é um item subjetivo, pois muda algumas cores de parte do March. Na prática, seu preço é de R$ 300, mas, como traz o pack “Multi” (composto pelo “tablet”) incluído, seu preço sobe para R$ 2.300, fazendo o valor do March SL 1.6 testado subir de R$ 49.490 para R$ 51.790. Logo, se você, assim como eu, prefere o March todo na mesma cor, abra mão do “Colors”, pois serão R$ 300 a menos.
Já a central multimídia Multi-App pode ser adquirida separadamente por R$ 2.000 (pack “Multi”), como acabei de comentar. Ela tem muitos recursos e é realmente bem interessante, como falei no vídeo, mas, ainda assim, prefiro abrir mão dela por corte de gastos e contar com o dispositivo já presente na versão SL, que conta sistema de navegação com Nissan Connect e CD Player com tela touchscreen com display colorido de 5,8”.
Dessa forma, o March SL se torna um veículo mais atraente para mim. Fica como sugestão para a Nissan trabalhar em algumas melhorias no seu compacto, conforme comentei, afinal, é um carro de praticamente R$ 50.000. Feito isso, a relação custo/benefício melhoraria ainda mais.
Esteve na minha lista mas preferi o Move UP! TSI. Anda mais, tem controle de tração, tem mais porta malas e é mais confortável na frente.
Depois mande as suas impressões!
Mandei no seu email
Estava viajando, com acesso bem restrito à internet. Vou olhar hoje! Um abraço!
fez bem pq daqui ha 1 ano e meio chega a nova geracao do MARCH no brasil
Gostei bastante da análise! Minha esposa gostou muito muito o march colors, pois aqui na minha cidade em estoque havia poucas opções de cores e modelos, então optamos pelo branco perolizado… Mas percebo esses pontos negativos… infelizmente não há carro perfeito, muitas vezes o que ganha mesmo é o visual e o “amor ao primeiro tese drive” que foi o que ocorreu com minha esposa.
Abraço e parabéns!
Legal, Bruno. Quais defeitos você percebeu? Um abraço!
Comprei um para minha esposa 1.6 SL CVT. Um baita carro. estamos com ele a 1 mês. Ele faz 12.7 na cidade com etanol. Vou comprar um versa..rs!
Olá Rodrigo! Depois me mande as suas impressões do carro para eu publicar no De 0 a 100! Meu e-mail é renatoparizzi@gmail.com. Um abraço!