De Paris, França* – Durante a minha viagem à Europa, pude conferir de perto uma das principais esperanças da Renault para o Brasil, o Captur. Mas também fiz questão de conhecer outra grande aposta para o mercado nacional, mas agora da Peugeot, marca que realmente precisa de uma virada por aqui. E, para a minha satisfação, o 2008, futuro brasileiro em 2014, tem grande potencial para se tornar um veículo popular nas nossas ruas!
A estratégia da maca do leão é simples: pegue uma das características mais marcantes do 208, seu design, torne-o mais robusto, alto e aventureiro. Aproveite para compartilhar praticamente todo o conjunto mecânico (o que reduz custos de produção e melhora o pós-venda). Pronto: você tem o 2008. Quando o vi pela primeira vez, logo pensei em três palavras para descrevê-lo: elegante, moderno e discreto.
Sua beleza é notável por causa da harmonia, graças à combinação entre dianteira e traseira (bem diferente do antigo 307 Sedan). Mas o conjunto não seria tão bonito se não fossem as laterais, que possuem linhas ascendentes (partindo da traseira) muito bem feitas.
Mas o carro não chama tanta a atenção por não parecer ser inédito – exatamente pela semelhante com o 208 -, o que garante a dose de discrição. Sua dianteira também lembra bastante a do 408 (e mais alguns outros modelos da empresa). Em relação ao seu compacto irmão mais velho, o 2008 é visivelmente maior na parte externa, parecendo até um crossover com tamanho mais avantajado. Mas suas medidas compactas são menores se comparadas às da maioria dos concorrentes diretos.
2008 | 208 | EcoSport | Tracker | Duster | Captur | |
Comprimento | 4,159 m | 3,966 m | 4,241 m | 4,228 m | 4,315 m | 4,122 m |
Largura | 1,739 m | 1,702 m | 1,765 m | 1,776 m | 1,822 m | 1,778 m |
Altura | 1,556 m | 1,472 m | 1,696 m | 1,657 m | 1,660 m | 1,567 m |
Entre-eixos | 2,538 m | 2,541 m | 2,521 m | 2,555 m | 2,673 m | 2,606 m |
Por dentro, outra semelhança com 208 é o espaço, um pouco melhor no “off-road light”. Minha sugestão, especialmente para quem vai no banco traseiro, é escolher a versão sem o interessante teto de vidro panorâmico CIELO, pois o espaço para a cabeça aumenta um pouco.
O acabamento do 2008 conta com materiais de boa qualidade e o painel foi bem construído. Mas não espere luxo, pois esta não é a proposta do crossover. A ideia é atrair os aventureiros urbanos que, eventualmente, pegam uma trilha leve.
Na frente, chama a atenção o volante menor, que tem ótima pegada e é fácil (e divertido) de usar. Mas, mesmo depois de ajustá-lo em altura e profundidade, além de regular a altura do banco, encontrando uma posição muito boa de dirigir, o volante tampou parte dos instrumentos, o que atrapalha consideravelmente a condução do motorista. Ficou visível que a Peugeot preparou o seu modelo para atender excepcionalmente bem clientes com até 1,85 m de altura. Acima disso, fica difícil ver parte do conta-giros e do velocímetro.
De acordo com a Peugeot europeia, o 2008 tem 360 litros de capacidade no porta-malas (logo abaixo). Não sei o método usado pela marca. Mas, se for o mesmo padrão adotado no Brasil, o volume para bagagens será interessante se levarmos em consideração o tamanho do carro.
Na França, o Peugeot 2008 é vendido com e quatro opções de motores: 1.2 VTi de 82 cv, 1.6 VTi de 120 cv – ambos a gasolina e associados a um câmbio manual de cinco marchas; e 1.2 HDi de 68 cv e 1.6 HDi de 92 cv e 114 cv – todos a diesel e associados a um câmbio manual de seis marchas (68 cv e 92 cv) e automatizado de seis velocidades ECG (114 cv). Todas as versões têm tração dianteira.
No 2008 nacional, a presença do propulsor 1.6 16V flex (115/122 cv) é dada como certa. Outras opções seriam as motorizações 2.0 16V flex (um pouco mais provável) e 1.5 8V flex (bem menos provável). Uma versão esportiva com motor 1.6 THP (165 cv) seria bem-vinda.
Um ponto muito interessante do 2008 é o controle eletrônico de aderência – GRIP Control -, acionado por um botão giratório no painel. Infelizmente não pude testá-lo na prática, pois não pude rodar com o modelo pelas ruas e estradas francesas. Com o GRIP Control, o motorista pode ajustar o controle de tração do veículo de acordo com necessidade. São cinco modos: normal, ESP off, areia, lama e neve. Na prática, este sistema permite que o crossover enfrente desafios com um pouco mais de desenvoltura – mas longe de ser um 4×4.
Outro detalhe do 2008, desta vez bastante curioso, é o seu freio de estacionamento, mais conhecido como freio de mão. Seu formato lembra a de um manche de um avião, criando um “algo a mais” no interior. Por ser prático e de simples manuseio, como praticamente todos os freios de mão convencionais, ele acaba sendo um pequeno diferencial. Veja a imagem na galeria abaixo.
Versões e equipamentos
Por questões de língua, peguei estas informações do site da Peugeot da Inglaterra. A versão de entrada do 2008 é a Access+, que vem equipada com luzes diurnas de LED dianteiras, lanternas traseiras com LEDs em formato de garra, banco traseiro bipartido (1/3 e 2/3); direção elétrica; vidros elétricos dianteiros (one touch para o motorista), trava elétrica (trava para criança nas portas traseiras), ISOFIX; cruise control, retrovisores elétricos com aquecimento; rádio CD Player com comandos no volante e entrada auxiliar; ar-condicionado (com porta-luvas refrigerado), freio a disco nas quatro rodas com ABS, EBD, ESP (controle de estabilidade com assistente de partida em rampa) e EBA (assistente de frenagem de emergência); seis airbags (frontais, laterais e do tipo cortina); cinto de três pontos e apoio de cabeça para todos os ocupantes; estepe fino; barras longitudinais no teto, retrovisores e maçanetas coloridos, tomada 12V; rodas de aro 15″; computador de bordo, follow me home, entre outros.
Acima da Access+ está a Active, que acrescenta volante revestido em couro, faróis de neblina, e sistema multimídia com tela de 7″ sensível ao toque (que chama a atenção no painel, como acontece no 208), conexão Bluetooth e entrada USB; rodas de aro 16″, entre outros.
A próxima versão é a Allure, que tem os itens das duas anteriores, além de sensores de estacionamento, luz, chuva e crepuscular (este para o retrovisor interno), ajuste de altura do banco do passageiros, ar-condicionado digital de duas zonas e o interessante sistema GRIP Control, entre outros itens.
O acabamento topo de linha é o Feline, que tem os equipamentos do trio acima incluindo sistema de navegação (GPS) na tela de 7″, rodas de aro 17″, alarme, segunda entrada USB e teto de vidro panorâmico CIELO.
Preços
Os preços do Peugeot 2008 na Inglaterra variam entre 12.995 libras (cerca de R$ 48.081 com a libra a R$ 3,70 – cotação de 26/08/13) e 17.850 libras (R$ 66.045), enquanto na França os valores ficam entre 15.300 euros (cerca de R$ 48.654 com o euro a R$ 3,18 – cotação de 26/08/13) e 23.350 euros (R$ 74.253).
Vendida a partir de 21.800 euros, a versão que pude conhecer com calma em Paris foi a Feline (tem praticamente os mesmos equipamentos da versão inglesa), que ilustra as fotos deste post. Mesmo com uma lista de itens de série bem interessante, o 2008 topo de linha é bastante simples. Mas eu não esperava que isso fosse muito diferente, pois os concorrentes também são assim.
No Brasil, levando em consideração o 208, é provável que a Peugeot trabalhe com 3 versões de acabamento para o 2008. Espero que a lista de equipamentos inicial do modelo nacional seja a mesma do europeu, com direito a seis airbags e freio a disco nas quatro rodas com ABS, EBD, ESP e EBA, entre outros itens. Em relação ao preço do crossover por aqui, minha aposta é que ele comece entre R$ 55.000 e R$ 60.000, chegando à casa dos R$ 70.000 na versão mais completa.
Resumo da obra
Como adiantei na tabela acima, o Peugeot 2008 terá como principais concorrentes o Ford EcoSport, o Chevrolet Tracker e os Renault Captur e Duster. Qualidades para enfrentá-los, e para ter um bom desempenho no mercado, o crossover francês já mostrou que tem.
Associado a um conjunto mecânico que vem recebendo elogios, especialmente pelo motor 1.6 16V flex (do 208 e do 308), as chances de sucesso do 2008 aumentam ainda mais. Mas, para fechar o “pacote de atrativos” do modelo com chave de ouro, bem que a Peugeot poderia lançar o 2008 custando R$ 49.990 no Brasil – é só a Peugeot querer, já que o Renault Duster custa a partir de R$ 50.790.
Após conhecer o 2008, confirmei a minha primeira impressão. Elegante, moderno e discreto, o crossover tem tudo para ser o Peugeot que faltava no Brasil.
*O jornalista e blogueiro viajou por conta própria.
no minimo 65 – 70 000. alguém aposta? mt bonito. mas pelo preço dos outros concorrentes, nao tem como ser menos que isto. este carro vai concorrer com versoes melhores do ecosport. a peugeot nao vai fazer um pe de boi a menos de 60 mil.
Amigo, vc só pode estar apostando mesmo! Minha mãe comprou esse carro na Italia e esta pagando lé em torno de 54 mil R$, então como poderia se pagar aqui nesse país injusto chamado Brasil, menos que uns 75 Mil R$? Difícil !!!!!!!
Gostei muito do 2008. Porem o apoio do braço esquerdo do motorista tira muito espaço para as pernas. Em viagens longas pode ser bem desconfortavel